Geração Matrix (riam-se, máquinas, deste espectáculo de marionetas!): uma tragédia em acto ou como enlouquecer em 15 dias apenas!
1. Mãe do Mr. Smith (sentada na mesa de pequeno-almoço): Ainda bem que está cá em casa. É a única pessoa com quem aqui posso falar sem que me chame maluca.
1.1. Mr- Smith entra em cena: Mãe, saia daí que nós queremos tomar o pequeno-almoço.
(Pois é… Parece que o papelinho que tens a dizer que terminaste o curso de Direito e que sabes “muito” sobre o assunto – porque a quantidade é que define quem sabe e quem não sabe; queremos é números, certezas de merda que não têm qualquer sentido, mas nas quais acreditamos piamente porque nos deixamos dominar pelo medo de não ser alguém, como se não fôssemos já, sendo simplesmente! Mas, não, não podemos ser os diminuídos da sociedade, ai que dói tanto, o meu egozinho não aguenta tanta violência! O socialmente correcto é que é! Temos de mostrar, o ser já dá mais trabalho e eu tenho de estar no escritório cedo, não posso perder tempo com isso. Quero é manta beach! O pensar não está in nem nunca esteve.
Sim, querido Smith, se estivesses em frente de outras pessoas, então, sim, tratavas bem a tua querida mãezinha, não se vá pensar que não és pessoa respeitável, mas como ninguém está a ver, podes tratá-la abaixo de cão e congratular-te com isso. Se te fizessem o mesmo, choravas com todo o teu corpo injustiça; não sendo esse o caso, o que importa o outro? Não és tu quem sofre, por isso, que te deixem estar no teu canto de pó, que, não tarda, tens de ir para o escritório e não podes perder tempo a pensar nos outros.
Vê lá tu, Smith, que a tua mãe prefere a minha companhia, eu, pobre de mim, que de Direito não sei um boi (diminuída, já!), à tua, doutorazinha do Direito (ou deveria antes dizer, do Torto?!), esse grande curso que forma homens estrangulados pela própria gravata e mulheres, como tu, “politica e socialmente correctas” (se me conseguires explicar o que isso é… Mas NÃO! É assim porque sim, porque está estipulado nas leis e nos protocolos e esses é que contam! Pois… E que tal assim: ambos foram feitos por homens e, mais, REFEITOS. Pois, as leis mudam, não são absolutas. As tuas certezazinhas estão a ir pelo cano abaixo, é? Que peninha…). De que te serve ganhares a puta do dinheiro ao fim do mês se nem sequer consegues ser mais do que asco? Isso é que te devia ferir o ego, não era seres ou não socialmente reconhecida. A sociedade pensa em termos de utilidade, és objecto, és meio, és uma grandessíssima PILHA!!!!!!!!!!!!!!Mas tu não és uma pilha qualquer, não é? És uma pilha com um bom ordenado ao fim do mês e com um Mercedes descapotável. Quantas pilhas têm o mesmo? Ah, pois é!
2. Sellers: Não podes estar a trocar mensagens quando estão outras pessoas presentes, a conversar. (Mas porquê, se elas não estão a falar comigo?). Porque é um acto de egoísmo, deve dar-se atenção às pessoas. (E quem é que estipulou isso)
?) Não vamos começar a desconversar, pois não? (Diz-me lá quem é que diz isso, onde é que isso vem escrito e porque é que isso é legítimo) DIGO EU que sou teu pai, sou mais velho e tenho mais experiência! (Experiência de quê?! Eu prejudiquei alguém por acaso?) Prejudicaste porque não deste atenção! (Continuo sem perceber. E mesmo que tenha prejudicado, se a minha intenção não era essa, não podes dizer que eu fui egoísta). Posso sim porque o resultado é que conta. (Então quer dizer que uma pessoa que mate acidentalmente e outra que mate propositadamente estão, ambas, ao mesmo nível). Em Direito, são as duas condenadas porque o resultado foi o mesmo: um dano. (Isso é parvo. E se eu quiser fazer bem a uma pessoa e, acidentalmente, acabar por lhe fazer mal, também sou culpada?) QUERES DISCUTIR DIREITO COMIGO?!
(Não, quero discutir ética. Porque é que o Código é uma verdade absoluta?!) TU SABES QUE NÃO TENS RAZÃO (não, não sei, mas se me explicares porquê, eu talvez compreenda e mude de opinião, boa?)
FRASE DO DIA: “Tu TENS de te reger pelas leis e não pelos teus pensamentos éticos egoístas que achas estarem certos!! (E sai de cena o sellers) – atenção à contradição nos termos: éticos e egoístas. MORAL É QUE É, essa é que vem nos livros de Direito, qual Ética!
MAS O QUE É QUE SE PASSA?!?!?!? Ah, pois é, eu tenho que seguir aquilo que está estipulado, independentemente de concordar ou não, porque foram pessoas sábias que o estipularam. E se questionássemos isso? Não estou a pedir para abolir e para entrarmos numa anarquia, porra, estou só a pedir que me dês razões para eu acreditar nisso! Não se trata de ter razão ou não, de pôr em causa a inteligência do outro ou não, trata-se de diálogo!!!!!!!!!!!!! De tentar chegar a algum lado juntos e, mesmo que se não chegue, desbravar algum caminho. Será tão difícil assim? Qual é o problema em dizer: sim, pensando dessa maneira, será mais justo como dizes. Não se põem em causa as leis, pois é (ainda não percebi muito bem porquê, mas como és tu a dizer, deves ter razão, porque tu tens um diploma e eu não; ah, claro, e experiência de vida! Que interessa teres vivido mais se, durante todo este tempo, tens estado adormecido?!?!?!?!). Ah, espera, já sei: a inteligência não é para pensar senão nos assuntos do escritório, porque isso é que dá dinheiro ao fim do mês e um carrinho Mercedes descapotável, para eu, aos Domingos, ir passear a minha carequinha ao sol por Lisboa inteira. Ela bem merece, depois de todos os dias enfiados naquela porcaria de cubículo! Olha como reluz ao sol! Como me pude eu esquecer que a felicidade é estabilidade, é segurança, é certezas absolutas enraizadas no meu cerebrozinho controlado pela sociedade e pelas suas estipulações?!
De certeza que me irias dizer (se não fugisses da conversa com medo de, por momentos, veres que há outras ideias para além da tua, igualmente legítimas e não necessariamente melhores, porque isso é, adivinha, RELATIVO!) qualquer coisa do tipo: se toda a gente questionasse as leis, isso tornar-se-ia numa espécie de anarquia, na qual cada um faria o que mais lhe aprouvesse e onde a convivência não seria possível. Como se ela fosse, hoje em dia! Olha para as pessoas, Sellers! E não precisas de ir muito longe… Olha para o Smith, que quer internar a mãe! E questionar não é abolir radicalmente: é ANALISAR. Eu sei que esta palavra é já vaga para ti, mas coragem, homem! É diálogo. Achas que a sociedade não é já podre o suficiente?! Não se pensa, já, aceita-se sem mais. Compreender o outro pelo outro e não pelas leis. Um criminoso não o é porque matou alguém!!!! Isso é completamente IDIOTA! O resultado foi este, logo, és isto??? Mas que raio?! Uma pessoa é mais do que uma acção, meu! E pode tê-la feita por um bem maior, assim tido naquela situação. E então, Sellers? Se queres Direito, vamos, então, a Direito: legítima defesa não é condenável e, no entanto, o resultado é o mesmo: morte de um homem!!!!! E agora, Sellers?!?!?!?! Fica lá com o ossinho, eu só quero um PORQUÊ. E isso não é verdade absoluta, é só caminho para outros pensamentos. E mesmo que, num momento, acredite que essa é a afirmação que acho mais adequada (para uma cirscunstância), espero estar sempre apta a receber a visão dos outros e avaliá-la com espírito crítico ( o que é MUITO DIFERENTE DE DIZER, assim, sem mais, NÃO TENS RAZÃO E TU SABES ISSO).
Sem comentários:
Enviar um comentário