Qual é o problema da raiva, da ansiedade, do desespero, da tristeza e da dor ?
Não se trata aqui de defender com o cristianismo dizendo: "todo o sofrimento é bom, (ainda que visto de um certo modo)" ou "sofrer faz bem, (ainda que analisado num certo sentido)" e, do mesmo modo, também não se pretende, com este pensar, chamar até nós um certo marquês. Contudo, não poderemos, também, aceitar acriticamente relações/estados que orientam a nossa vida tais como esses que estabelecemos com a raiva, a ansiedade, o desespero, a tristeza ou a dor e, com isto, declarar guerra aberta a todo o tipo de estados "menos bons", "moralmente inferiores" ou que de "origem educacional dúbia".
A literatura erudita (entenda-se livros de cariz investigativo) sabe-o bem, a restante nem por isso, que raiva, ansiedade, desespero, tristeza, dores, e todos os estados a que habitualmente chamamos negativos, são-no de acordo com as circunstâncias (notemos aqui, que não estamos a referir, com o cristianismo, que todo o sofrimento é bom, ou que todo o sofrer faz bem, de acordo com determinadas circunstâncias - pois que o quantificador universal, é demasiado abrangente), a gravidade prende-se com o fundamento último, ético, que nos leva a considerar a ansiedade como um mal, ou a ansiedade como um bem, em determinadas circunstâncias.
Procura-se a batuta, o pêndulo em nome do qual, se oscila entre aquilo que "é bom", e aquilo que "é mau".
Procuramos um fundamento? Tal parece-nos uma quimera e não mais do que isso pois atrever-me-ia a dizer: "Daí-me um fundamento, e dar-vos-ei prova da sua falência num caso particular" - pois que quererá um fundamento ser, tão só, regra generalizada ? Procuramos um penúltimo fundamento? E aí não estamos mais do que a colocar tartarugas sobre o Mundo.
Atualmente conduzimos as nossas decisões, decisões graves na nossa e na vida dos que nos rodeiam, com base numa "guerra aberta" a estes "estados negativos" quando, negligentemente, nos recusamos a um pensar franco, acerca deles.
Uma ética das virtudes responderá com uma lista de "boas" virtudes e suponhamos que tal lista se encontra num qualquer acordo, será um acordo, requisito bastante de um fundamento? Isto é, mesmo numa ética das virtudes, exige-se o fundamento que a sustente.
A propósito, de onde nos vem esta ideia de um "pensar franco", porque raio, se procura a franqueza? Qual a égide dos valores em nós impregnados?
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