Manuel José, selecionador nacional de Angola e antigo treinador do Benfica, não tem dúvidas quanto ao desfecho do clássico de domingo - o FC Porto é favorito.
JOSÉ CARLOS FREITAS E PAULO SÉRGIO
o.0
Eu não percebi. Não tem dúvidas quanto ao desfecho? O FC Porto é favorito? Não percebi.
Até porque, no final da entrevista, escreve-se:
R - Mas, quem vai ganhar?
MJ - Da forma como as coisas estão, a responsabilidade do FC Porto subiu, porque o Benfica tem muita gente lesionada a castigada e terá dificuldades em apresentar a melhor equipa. A responsabilidade do Benfica desceu, por causa disso, e pode ser um factor importante de equilíbrio que pode levar o Benfica a ganhar o jogo. Mas quem vai ganhar... não sei.
ZÉ E PAULO:
ONDE RAIO ESTÁ A AUSÊNCIA DE DÚVIDA QUANTO AO DESFECHO ???
domingo, 20 de dezembro de 2009
Normal é ser estúpido I
O estranho:
Procuro um carregador para um portátil. Contudo, esse portátil é de linha empresarial, pelo que, talvez não exista tal carregador disponível ou, a estar, não será dos mais acessíveis... o que acha?
Normal:
Carregador? Cabo de alimentação e o alimentador, não?
O estranho:
Com certeza. :)
Normal:
Só vendo o portátil. Tem-lo consigo? [seria Tem-no porque o dito não conhecia o estranho de lado nenhum]
O estranho:
Não. Mas sei o nome do Modelo.
Normal:
Pois... mas sabe o nome do Modelo? [sim, o normal aqui, estranhou]
O estranho:
Sim. HP8530p. Elitebook.
Normal:
Poooooisss.... Para esse modelo é complicado... Já viu os carregadores de HP que temos?
O estranho:
Já. Não sei se servirão para este modelo.
Normal:
Poooooiss....
O estranho:
o.o
Normal:
É que isso depende da voltagem. Sabe a voltagem?
O estranho:
Acho que serão 120w.
Normal:
Poooois... se fosse 90W. Para 120W não temos nada. Só para carros.
O estranho:
Pronto... Obrigado.
A conversa repetiu-se em vários estabelecimentos da especialidade variada: Worten, Fnac, Vobis.
O estranho pergunta a outro estranho, e este logo lhe diz, estranhamente, que estava a ler que existiam várias voltagens... etc...etc... Uma conversa muito estranha.
Isso ajudou-o a não tomar decisões precipitadas. Afinal, e apesar de tudo, note-se que várias alternativas foram dadas pelo Normal:
Normal:
Eu não sei. Mas... deve ser este.
O estranho:
Porque o diz?
Normal:
Eu parece-me que este vai funcionar mas, se não for, você poderá trocar.
O estranho:
o.O [pensa já sem alento... "mas porquê essa escolha e não outra?"]
Depois de uma noite de sono, e frustrado da impossibilidade em se adquirir tal quimera, o estranho vai ao site da HP e procura um carregador para encomendar.
Nessa altura, encontra as diferentes possibilidades: 90w, 120w, 230w. Dizendo em voz alta:
O estranho:
É à escolha! É indiferente a voltagem!
Dirige-se a uma outra loja de especialidade e, desta vez, sem nada perguntar, encontra um carregador da HP de 90w que resolve comprar.
Após 3 Lojas, e 4 ou 5 funcionários diferentes - alguns com umas camisolas a dizer HP - unânimes: A voltagem interessa! Sem pestanejar, sem uma mínima hesitação. Todos, sem excepção, estavam absolutamente errados.
Enfim, é normal. É estupidamente normal.
Procuro um carregador para um portátil. Contudo, esse portátil é de linha empresarial, pelo que, talvez não exista tal carregador disponível ou, a estar, não será dos mais acessíveis... o que acha?
Normal:
Carregador? Cabo de alimentação e o alimentador, não?
O estranho:
Com certeza. :)
Normal:
Só vendo o portátil. Tem-lo consigo? [seria Tem-no porque o dito não conhecia o estranho de lado nenhum]
O estranho:
Não. Mas sei o nome do Modelo.
Normal:
Pois... mas sabe o nome do Modelo? [sim, o normal aqui, estranhou]
O estranho:
Sim. HP8530p. Elitebook.
Normal:
Poooooisss.... Para esse modelo é complicado... Já viu os carregadores de HP que temos?
O estranho:
Já. Não sei se servirão para este modelo.
Normal:
Poooooiss....
O estranho:
o.o
Normal:
É que isso depende da voltagem. Sabe a voltagem?
O estranho:
Acho que serão 120w.
Normal:
Poooois... se fosse 90W. Para 120W não temos nada. Só para carros.
O estranho:
Pronto... Obrigado.
A conversa repetiu-se em vários estabelecimentos da especialidade variada: Worten, Fnac, Vobis.
O estranho pergunta a outro estranho, e este logo lhe diz, estranhamente, que estava a ler que existiam várias voltagens... etc...etc... Uma conversa muito estranha.
Isso ajudou-o a não tomar decisões precipitadas. Afinal, e apesar de tudo, note-se que várias alternativas foram dadas pelo Normal:
Normal:
Eu não sei. Mas... deve ser este.
O estranho:
Porque o diz?
Normal:
Eu parece-me que este vai funcionar mas, se não for, você poderá trocar.
O estranho:
o.O [pensa já sem alento... "mas porquê essa escolha e não outra?"]
Depois de uma noite de sono, e frustrado da impossibilidade em se adquirir tal quimera, o estranho vai ao site da HP e procura um carregador para encomendar.
Nessa altura, encontra as diferentes possibilidades: 90w, 120w, 230w. Dizendo em voz alta:
O estranho:
É à escolha! É indiferente a voltagem!
Dirige-se a uma outra loja de especialidade e, desta vez, sem nada perguntar, encontra um carregador da HP de 90w que resolve comprar.
Após 3 Lojas, e 4 ou 5 funcionários diferentes - alguns com umas camisolas a dizer HP - unânimes: A voltagem interessa! Sem pestanejar, sem uma mínima hesitação. Todos, sem excepção, estavam absolutamente errados.
Enfim, é normal. É estupidamente normal.
Etiquetas:
Bahrg,
Claro que Sim,
Então não se vê logo?,
Evidentemente,
Normal,
Óbvio
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Bem vinda. :-)
Geração Matrix (riam-se, máquinas, deste espectáculo de marionetas!): uma tragédia em acto ou como enlouquecer em 15 dias apenas!
1. Mãe do Mr. Smith (sentada na mesa de pequeno-almoço): Ainda bem que está cá em casa. É a única pessoa com quem aqui posso falar sem que me chame maluca.
1.1. Mr- Smith entra em cena: Mãe, saia daí que nós queremos tomar o pequeno-almoço.
(Pois é… Parece que o papelinho que tens a dizer que terminaste o curso de Direito e que sabes “muito” sobre o assunto – porque a quantidade é que define quem sabe e quem não sabe; queremos é números, certezas de merda que não têm qualquer sentido, mas nas quais acreditamos piamente porque nos deixamos dominar pelo medo de não ser alguém, como se não fôssemos já, sendo simplesmente! Mas, não, não podemos ser os diminuídos da sociedade, ai que dói tanto, o meu egozinho não aguenta tanta violência! O socialmente correcto é que é! Temos de mostrar, o ser já dá mais trabalho e eu tenho de estar no escritório cedo, não posso perder tempo com isso. Quero é manta beach! O pensar não está in nem nunca esteve.
Sim, querido Smith, se estivesses em frente de outras pessoas, então, sim, tratavas bem a tua querida mãezinha, não se vá pensar que não és pessoa respeitável, mas como ninguém está a ver, podes tratá-la abaixo de cão e congratular-te com isso. Se te fizessem o mesmo, choravas com todo o teu corpo injustiça; não sendo esse o caso, o que importa o outro? Não és tu quem sofre, por isso, que te deixem estar no teu canto de pó, que, não tarda, tens de ir para o escritório e não podes perder tempo a pensar nos outros.
Vê lá tu, Smith, que a tua mãe prefere a minha companhia, eu, pobre de mim, que de Direito não sei um boi (diminuída, já!), à tua, doutorazinha do Direito (ou deveria antes dizer, do Torto?!), esse grande curso que forma homens estrangulados pela própria gravata e mulheres, como tu, “politica e socialmente correctas” (se me conseguires explicar o que isso é… Mas NÃO! É assim porque sim, porque está estipulado nas leis e nos protocolos e esses é que contam! Pois… E que tal assim: ambos foram feitos por homens e, mais, REFEITOS. Pois, as leis mudam, não são absolutas. As tuas certezazinhas estão a ir pelo cano abaixo, é? Que peninha…). De que te serve ganhares a puta do dinheiro ao fim do mês se nem sequer consegues ser mais do que asco? Isso é que te devia ferir o ego, não era seres ou não socialmente reconhecida. A sociedade pensa em termos de utilidade, és objecto, és meio, és uma grandessíssima PILHA!!!!!!!!!!!!!!Mas tu não és uma pilha qualquer, não é? És uma pilha com um bom ordenado ao fim do mês e com um Mercedes descapotável. Quantas pilhas têm o mesmo? Ah, pois é!
2. Sellers: Não podes estar a trocar mensagens quando estão outras pessoas presentes, a conversar. (Mas porquê, se elas não estão a falar comigo?). Porque é um acto de egoísmo, deve dar-se atenção às pessoas. (E quem é que estipulou isso)
?) Não vamos começar a desconversar, pois não? (Diz-me lá quem é que diz isso, onde é que isso vem escrito e porque é que isso é legítimo) DIGO EU que sou teu pai, sou mais velho e tenho mais experiência! (Experiência de quê?! Eu prejudiquei alguém por acaso?) Prejudicaste porque não deste atenção! (Continuo sem perceber. E mesmo que tenha prejudicado, se a minha intenção não era essa, não podes dizer que eu fui egoísta). Posso sim porque o resultado é que conta. (Então quer dizer que uma pessoa que mate acidentalmente e outra que mate propositadamente estão, ambas, ao mesmo nível). Em Direito, são as duas condenadas porque o resultado foi o mesmo: um dano. (Isso é parvo. E se eu quiser fazer bem a uma pessoa e, acidentalmente, acabar por lhe fazer mal, também sou culpada?) QUERES DISCUTIR DIREITO COMIGO?!
(Não, quero discutir ética. Porque é que o Código é uma verdade absoluta?!) TU SABES QUE NÃO TENS RAZÃO (não, não sei, mas se me explicares porquê, eu talvez compreenda e mude de opinião, boa?)
FRASE DO DIA: “Tu TENS de te reger pelas leis e não pelos teus pensamentos éticos egoístas que achas estarem certos!! (E sai de cena o sellers) – atenção à contradição nos termos: éticos e egoístas. MORAL É QUE É, essa é que vem nos livros de Direito, qual Ética!
MAS O QUE É QUE SE PASSA?!?!?!? Ah, pois é, eu tenho que seguir aquilo que está estipulado, independentemente de concordar ou não, porque foram pessoas sábias que o estipularam. E se questionássemos isso? Não estou a pedir para abolir e para entrarmos numa anarquia, porra, estou só a pedir que me dês razões para eu acreditar nisso! Não se trata de ter razão ou não, de pôr em causa a inteligência do outro ou não, trata-se de diálogo!!!!!!!!!!!!! De tentar chegar a algum lado juntos e, mesmo que se não chegue, desbravar algum caminho. Será tão difícil assim? Qual é o problema em dizer: sim, pensando dessa maneira, será mais justo como dizes. Não se põem em causa as leis, pois é (ainda não percebi muito bem porquê, mas como és tu a dizer, deves ter razão, porque tu tens um diploma e eu não; ah, claro, e experiência de vida! Que interessa teres vivido mais se, durante todo este tempo, tens estado adormecido?!?!?!?!). Ah, espera, já sei: a inteligência não é para pensar senão nos assuntos do escritório, porque isso é que dá dinheiro ao fim do mês e um carrinho Mercedes descapotável, para eu, aos Domingos, ir passear a minha carequinha ao sol por Lisboa inteira. Ela bem merece, depois de todos os dias enfiados naquela porcaria de cubículo! Olha como reluz ao sol! Como me pude eu esquecer que a felicidade é estabilidade, é segurança, é certezas absolutas enraizadas no meu cerebrozinho controlado pela sociedade e pelas suas estipulações?!
De certeza que me irias dizer (se não fugisses da conversa com medo de, por momentos, veres que há outras ideias para além da tua, igualmente legítimas e não necessariamente melhores, porque isso é, adivinha, RELATIVO!) qualquer coisa do tipo: se toda a gente questionasse as leis, isso tornar-se-ia numa espécie de anarquia, na qual cada um faria o que mais lhe aprouvesse e onde a convivência não seria possível. Como se ela fosse, hoje em dia! Olha para as pessoas, Sellers! E não precisas de ir muito longe… Olha para o Smith, que quer internar a mãe! E questionar não é abolir radicalmente: é ANALISAR. Eu sei que esta palavra é já vaga para ti, mas coragem, homem! É diálogo. Achas que a sociedade não é já podre o suficiente?! Não se pensa, já, aceita-se sem mais. Compreender o outro pelo outro e não pelas leis. Um criminoso não o é porque matou alguém!!!! Isso é completamente IDIOTA! O resultado foi este, logo, és isto??? Mas que raio?! Uma pessoa é mais do que uma acção, meu! E pode tê-la feita por um bem maior, assim tido naquela situação. E então, Sellers? Se queres Direito, vamos, então, a Direito: legítima defesa não é condenável e, no entanto, o resultado é o mesmo: morte de um homem!!!!! E agora, Sellers?!?!?!?! Fica lá com o ossinho, eu só quero um PORQUÊ. E isso não é verdade absoluta, é só caminho para outros pensamentos. E mesmo que, num momento, acredite que essa é a afirmação que acho mais adequada (para uma cirscunstância), espero estar sempre apta a receber a visão dos outros e avaliá-la com espírito crítico ( o que é MUITO DIFERENTE DE DIZER, assim, sem mais, NÃO TENS RAZÃO E TU SABES ISSO).
1. Mãe do Mr. Smith (sentada na mesa de pequeno-almoço): Ainda bem que está cá em casa. É a única pessoa com quem aqui posso falar sem que me chame maluca.
1.1. Mr- Smith entra em cena: Mãe, saia daí que nós queremos tomar o pequeno-almoço.
(Pois é… Parece que o papelinho que tens a dizer que terminaste o curso de Direito e que sabes “muito” sobre o assunto – porque a quantidade é que define quem sabe e quem não sabe; queremos é números, certezas de merda que não têm qualquer sentido, mas nas quais acreditamos piamente porque nos deixamos dominar pelo medo de não ser alguém, como se não fôssemos já, sendo simplesmente! Mas, não, não podemos ser os diminuídos da sociedade, ai que dói tanto, o meu egozinho não aguenta tanta violência! O socialmente correcto é que é! Temos de mostrar, o ser já dá mais trabalho e eu tenho de estar no escritório cedo, não posso perder tempo com isso. Quero é manta beach! O pensar não está in nem nunca esteve.
Sim, querido Smith, se estivesses em frente de outras pessoas, então, sim, tratavas bem a tua querida mãezinha, não se vá pensar que não és pessoa respeitável, mas como ninguém está a ver, podes tratá-la abaixo de cão e congratular-te com isso. Se te fizessem o mesmo, choravas com todo o teu corpo injustiça; não sendo esse o caso, o que importa o outro? Não és tu quem sofre, por isso, que te deixem estar no teu canto de pó, que, não tarda, tens de ir para o escritório e não podes perder tempo a pensar nos outros.
Vê lá tu, Smith, que a tua mãe prefere a minha companhia, eu, pobre de mim, que de Direito não sei um boi (diminuída, já!), à tua, doutorazinha do Direito (ou deveria antes dizer, do Torto?!), esse grande curso que forma homens estrangulados pela própria gravata e mulheres, como tu, “politica e socialmente correctas” (se me conseguires explicar o que isso é… Mas NÃO! É assim porque sim, porque está estipulado nas leis e nos protocolos e esses é que contam! Pois… E que tal assim: ambos foram feitos por homens e, mais, REFEITOS. Pois, as leis mudam, não são absolutas. As tuas certezazinhas estão a ir pelo cano abaixo, é? Que peninha…). De que te serve ganhares a puta do dinheiro ao fim do mês se nem sequer consegues ser mais do que asco? Isso é que te devia ferir o ego, não era seres ou não socialmente reconhecida. A sociedade pensa em termos de utilidade, és objecto, és meio, és uma grandessíssima PILHA!!!!!!!!!!!!!!Mas tu não és uma pilha qualquer, não é? És uma pilha com um bom ordenado ao fim do mês e com um Mercedes descapotável. Quantas pilhas têm o mesmo? Ah, pois é!
2. Sellers: Não podes estar a trocar mensagens quando estão outras pessoas presentes, a conversar. (Mas porquê, se elas não estão a falar comigo?). Porque é um acto de egoísmo, deve dar-se atenção às pessoas. (E quem é que estipulou isso)
?) Não vamos começar a desconversar, pois não? (Diz-me lá quem é que diz isso, onde é que isso vem escrito e porque é que isso é legítimo) DIGO EU que sou teu pai, sou mais velho e tenho mais experiência! (Experiência de quê?! Eu prejudiquei alguém por acaso?) Prejudicaste porque não deste atenção! (Continuo sem perceber. E mesmo que tenha prejudicado, se a minha intenção não era essa, não podes dizer que eu fui egoísta). Posso sim porque o resultado é que conta. (Então quer dizer que uma pessoa que mate acidentalmente e outra que mate propositadamente estão, ambas, ao mesmo nível). Em Direito, são as duas condenadas porque o resultado foi o mesmo: um dano. (Isso é parvo. E se eu quiser fazer bem a uma pessoa e, acidentalmente, acabar por lhe fazer mal, também sou culpada?) QUERES DISCUTIR DIREITO COMIGO?!
(Não, quero discutir ética. Porque é que o Código é uma verdade absoluta?!) TU SABES QUE NÃO TENS RAZÃO (não, não sei, mas se me explicares porquê, eu talvez compreenda e mude de opinião, boa?)
FRASE DO DIA: “Tu TENS de te reger pelas leis e não pelos teus pensamentos éticos egoístas que achas estarem certos!! (E sai de cena o sellers) – atenção à contradição nos termos: éticos e egoístas. MORAL É QUE É, essa é que vem nos livros de Direito, qual Ética!
MAS O QUE É QUE SE PASSA?!?!?!? Ah, pois é, eu tenho que seguir aquilo que está estipulado, independentemente de concordar ou não, porque foram pessoas sábias que o estipularam. E se questionássemos isso? Não estou a pedir para abolir e para entrarmos numa anarquia, porra, estou só a pedir que me dês razões para eu acreditar nisso! Não se trata de ter razão ou não, de pôr em causa a inteligência do outro ou não, trata-se de diálogo!!!!!!!!!!!!! De tentar chegar a algum lado juntos e, mesmo que se não chegue, desbravar algum caminho. Será tão difícil assim? Qual é o problema em dizer: sim, pensando dessa maneira, será mais justo como dizes. Não se põem em causa as leis, pois é (ainda não percebi muito bem porquê, mas como és tu a dizer, deves ter razão, porque tu tens um diploma e eu não; ah, claro, e experiência de vida! Que interessa teres vivido mais se, durante todo este tempo, tens estado adormecido?!?!?!?!). Ah, espera, já sei: a inteligência não é para pensar senão nos assuntos do escritório, porque isso é que dá dinheiro ao fim do mês e um carrinho Mercedes descapotável, para eu, aos Domingos, ir passear a minha carequinha ao sol por Lisboa inteira. Ela bem merece, depois de todos os dias enfiados naquela porcaria de cubículo! Olha como reluz ao sol! Como me pude eu esquecer que a felicidade é estabilidade, é segurança, é certezas absolutas enraizadas no meu cerebrozinho controlado pela sociedade e pelas suas estipulações?!
De certeza que me irias dizer (se não fugisses da conversa com medo de, por momentos, veres que há outras ideias para além da tua, igualmente legítimas e não necessariamente melhores, porque isso é, adivinha, RELATIVO!) qualquer coisa do tipo: se toda a gente questionasse as leis, isso tornar-se-ia numa espécie de anarquia, na qual cada um faria o que mais lhe aprouvesse e onde a convivência não seria possível. Como se ela fosse, hoje em dia! Olha para as pessoas, Sellers! E não precisas de ir muito longe… Olha para o Smith, que quer internar a mãe! E questionar não é abolir radicalmente: é ANALISAR. Eu sei que esta palavra é já vaga para ti, mas coragem, homem! É diálogo. Achas que a sociedade não é já podre o suficiente?! Não se pensa, já, aceita-se sem mais. Compreender o outro pelo outro e não pelas leis. Um criminoso não o é porque matou alguém!!!! Isso é completamente IDIOTA! O resultado foi este, logo, és isto??? Mas que raio?! Uma pessoa é mais do que uma acção, meu! E pode tê-la feita por um bem maior, assim tido naquela situação. E então, Sellers? Se queres Direito, vamos, então, a Direito: legítima defesa não é condenável e, no entanto, o resultado é o mesmo: morte de um homem!!!!! E agora, Sellers?!?!?!?! Fica lá com o ossinho, eu só quero um PORQUÊ. E isso não é verdade absoluta, é só caminho para outros pensamentos. E mesmo que, num momento, acredite que essa é a afirmação que acho mais adequada (para uma cirscunstância), espero estar sempre apta a receber a visão dos outros e avaliá-la com espírito crítico ( o que é MUITO DIFERENTE DE DIZER, assim, sem mais, NÃO TENS RAZÃO E TU SABES ISSO).
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Uma certa culinária filosófica:
Receita rápida para se ser filósofo ou para se pensar filosoficamente:
Ingredientes:
[conceito ou conjunto de conceitos] - q.b.
2 [palavras eruditas]
1 [palavra filosofia]
Modo de Preparação:
"Gosto de bolachas [conceito 1] contudo, note-se que o aprimorado gosto pela oligarquia [palavras eruditas para satisfazer um senso comum de erudição, mesmo que estas não façam qualquer sentido], leva-me a preferir aquelas de água e sal [conceito 2]". [Afirmação que declara a verboreira como pensamento filosófico] Esta, pelo menos, é a minha filosofia.
Já está. :-) Simples e bastante filosófico.
Ingredientes:
[conceito ou conjunto de conceitos] - q.b.
2 [palavras eruditas]
1 [palavra filosofia]
Modo de Preparação:
"Gosto de bolachas [conceito 1] contudo, note-se que o aprimorado gosto pela oligarquia [palavras eruditas para satisfazer um senso comum de erudição, mesmo que estas não façam qualquer sentido], leva-me a preferir aquelas de água e sal [conceito 2]". [Afirmação que declara a verboreira como pensamento filosófico] Esta, pelo menos, é a minha filosofia.
Já está. :-) Simples e bastante filosófico.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Momentos do Sempre
Se o mundo é sempre o mesmo: grande, complexo, fantástico, ou talvez numa não-definição mais esclarecedora: “inapreensível”. Se já caímos e já nos levantámos. Se já magoámos e fomos magoados.Se já fomos instrumento e artesões. Se já fomos médicos e remédios.Se já fomos chefes e servos… Porque volta sempre o sofrimento do sempre? O desespero absolutista? O temor sem fim à vista?
Se já sabemos que vai e vem, se já sabemos que a vida são momentos e, por isso mesmo, finitos, porque insiste em aparecer, em morar no ser, essa presença absolutista do sempre?
Qual o verdadeiro valor, ou se quisermos, qual a certeza, ou mesmo, aquela certeza absoluta, aquela clarividência inabalável, quando num momento dizemos: “amo-te para sempre” ?
Se já sabemos que vai e vem, se já sabemos que a vida são momentos e, por isso mesmo, finitos, porque insiste em aparecer, em morar no ser, essa presença absolutista do sempre?
Qual o verdadeiro valor, ou se quisermos, qual a certeza, ou mesmo, aquela certeza absoluta, aquela clarividência inabalável, quando num momento dizemos: “amo-te para sempre” ?
sexta-feira, 17 de abril de 2009
A Mafalda existe, não acredita no cavalheirismo, e agradeceu (as palavras) - E por o ter feito, as consequências serão terríveis…
Tirânica condição, a da Filosofia, de se encontrar quotidianamente subjugada às nuvens e aos conjuntos opinativos sempre adornados para servir, de algum modo, uma qualquer estirpe de consolo/divertimento/piada/inutilidade. Nefelibatismos à parte, o que é a Filosofia, amigo (suminho)? é uma vontade de querer saber. Saber a sério: procurando os fundamentos. Não é uma repetição de "porquês" avulsos, como quem espirra quando está constipado, é antes uma "desbanalização do banal" (escreve assim no teste, suminho). Desbanalização do banal? Pois claro, como aquela que podemos encontrar no videozinho do youtube, se fizermos uma pesquisa por "o que é a Filosofia". Vá, pronto, está aqui (Suminhos da vida: o que interessa é a parte da Mafalda) - http://www.youtube.com/watch?v=rnTAB7YqupU
Ora, perante a fofura que, para mim, é evidente, da condição de possibilidade humana, que vem a ser o próprio humano, isto traduz implicações óbvias como a interactividade e comunhão (sim, temos que nos aturar). Já que assim se supõe que seja, então das melhores coisas que podemos receber (e dar também), será a da compreensão ao/do Outro.
Ora, a Mafalda desbanalizadora existe. Desbanaliza, pensa, interroga-se, coloca-se no lugar do Outro, e nunca se superioriza, é humilde. Isto traz a contrapartida de tornar a Mafalda rara e especial. A raridade é uma constatação de um facto (não é suminhos?); o especial já vem do que eu sinto. A Mafalda acha que o homem, por mais "decente" que possa ser, sucumbe à "beleza" da Helena Coelho promovida pelos cartazes da urbanização do “real”. Porque parece estar no sangue, na cabeça, nas hormonas... parece não poder haver "pureza na decência". Se calhar tem razão num ponto: O homem sucumbe, mas o cavalheirismo não; podem é existir gestos aparentemente cavalheiros, porque se a decência do cavalheirismo se deve à sinceridade, a sua eficácia é fidedigna e não pode ser confundida com galanteio.
É que, cara Mafalda (a que existe, em pele, ossinho, "xixinha", que sonha, projecta, cai, levanta, ri, chora, constrói, destrói.......) - a da "xixinha", portanto – O galã sedutor sucumbe às Helenas Coelh(a)s bonitas, atraentes, sexys, carnais... o cavalheiro enamorado não; O primeiro porque pensa que sabe, o segundo porque não sabe (mas sente).
Ó macho suminho, sabes porque é que as Helenas Coelhas da vida airada são as tuas mulheres de sonho? R.: O quê? Então não sei? então é a pernoca da Coelha que é boa! e aquela silhueta perfeita? e os olhos e cabelos? e a barriguinha? e as mamoquinhas esculpidas pelos deuses do Olímpo? Estás-me a dizer a mim, suminho macho, que eu não sei aquilo que gosto? R: De uma certa perspectiva, sim.
Para começar, não duvido que gostas muito do Photoshop. Depois, acho que gostas muito de imagens... muita foto, muito poster, muito papel... Depois acho que devias começar pela Helena Coelho (em pele e osso) e, finalmente, pergunto-me se ias gostar da Helena Coelho ou, pelo contrário, de uma qualquer parte ou partes dela: das mamas/pernas/rabiosque rijinho/olhinho azul/eventual parvoíce, porque, vá lá, são coisas um pouco diferentes (Helenas às postas, parceladas – parece uma descrição de Serial Killer, mas é puramente alegórico).
E o cavalheiro enamorado? Sabe? R: Não. Porquê?
Vamos a ele então, - perdoe-me o Camões - ao Amor (enamorado).
Então mas que raio de Amor é esse que se deixa explicar (em palavras)? que se percebe? que tem uma equação e um Q.I. explícitos e demonstráveis? Será a simpatia? A coxa? O olho azul? É o conjunto? Então mas é identificável? Aponta-se? Determina-se? E se ela ficar mais gorda um dia? e velha? Se ficar antipática? Morreu o Amor? Mas que maravilha! O amor matemático.
O amor de supermercado: onde há, após a ronda de vistoria rigorosa e selectiva às prateleiras, a escolha de ingredientes favoritos, junta-se água e já está! mas que poder!, eis o suprimento das nossas carências consumistas… falava-se de quê? Amor?!... Ó MEC chanfrado, aqui te invoco, porque, apesar de snob, escreveste sobre a “palmadinha nas costas” como eu gostaria de ter escrito:
"Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
(...) Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Elogio ao amor (Miguel Esteves Cardoso - Expresso )
E depois da bonança, eis a tempestade (“xixinha” mode fully engaged):
MAS DESDE QUANDO É QUE SE ESCOLHE QUEM SE AMA?!
E DESDE QUANDO SE ESCOLHE SEQUER O QUE SE SENTE?!
É QUE ISTO DE SENTIR COISAS, TEM QUE SAIR CÁ PARA FORA! PORQUE CORRÓI SE SE AMORDAÇA! PORQUE SE EXISTE NUM EXISTIR PULULANTE DE QUERER! E O GRANDE MAL É QUE ESSA EXTERIORIZAÇÃO É FEITA ATRAVÉS DE MISERÁVEIS PALAVRAS!!! NÃO HÁ ESCOLHA!! QUE CONVERSÃO REDUTORAMENTE HEDIONDA DO SENTIR ENCAPSULADO E ESCRAVIZADO EM ENTRELAÇAMENTOS DE INSUFICIENTES, ESCRAVIZADORAS, INEVITÁVEIS E SUFOCANTES PALAVRAS!!!
As palavras que leste, Mafalda, não se podem nunca agradecer. Nem sequer o sentir que as originou se pode louvar, porque nem esse pude escolher. Antes pudessem os olhos e as mãos dizer por mim: Para dizê-lo à Mafalda! Não se dirige à simpatia da Mafalda, nem às ideias da Mafalda, nem à perfeição da Mafalda! Como é que se dedica uma “Íris Goo Goo Dooliana” às ideias extraordinárias da Mafalda? Como é que se expressa um “and I’d give up forever to touch you, ‘cause I knew that you feel me somehow” ao sorriso da Mafalda!? As ideias não me fascinam a esse ponto, nem nunca tive nenhuma “queda” por bibliotecas, nem mesmo aquelas mais curvilíneas e bonitas. Há somente um SENTIR, e isso é tudo o que se precisa para saber e, consequentemente, para fazer. O que leste não é um elogio com o fim de te deleitar, de te mimar, de te fazer sorrir… É O QUE EU SINTO! E ISSO, NÃO SE AGRADECE!!!
P.S.: «Olhos de Mongol é uma expressão do escritor Henry Miller, para aquela empatia que existe quando conheces uma pessoa, estás a falar com ela pela primeira vez e há uma energia no olhar, toda aquela ligação um bocado inexplicável» - Linda Martini (banda portuguesa).
P.S.2: Diz lá menino, sim, porque ainda não tens aquela “experiência de vida”, não é? O que é o Amor?
«O Amor É Não Haver Polícia». Os Linda Martini encontraram a frase num livro de redacções infantis dos anos 50. A banda revê-se na sentença de um menino (então) com 10 anos.
Ora, perante a fofura que, para mim, é evidente, da condição de possibilidade humana, que vem a ser o próprio humano, isto traduz implicações óbvias como a interactividade e comunhão (sim, temos que nos aturar). Já que assim se supõe que seja, então das melhores coisas que podemos receber (e dar também), será a da compreensão ao/do Outro.
Ora, a Mafalda desbanalizadora existe. Desbanaliza, pensa, interroga-se, coloca-se no lugar do Outro, e nunca se superioriza, é humilde. Isto traz a contrapartida de tornar a Mafalda rara e especial. A raridade é uma constatação de um facto (não é suminhos?); o especial já vem do que eu sinto. A Mafalda acha que o homem, por mais "decente" que possa ser, sucumbe à "beleza" da Helena Coelho promovida pelos cartazes da urbanização do “real”. Porque parece estar no sangue, na cabeça, nas hormonas... parece não poder haver "pureza na decência". Se calhar tem razão num ponto: O homem sucumbe, mas o cavalheirismo não; podem é existir gestos aparentemente cavalheiros, porque se a decência do cavalheirismo se deve à sinceridade, a sua eficácia é fidedigna e não pode ser confundida com galanteio.
É que, cara Mafalda (a que existe, em pele, ossinho, "xixinha", que sonha, projecta, cai, levanta, ri, chora, constrói, destrói.......) - a da "xixinha", portanto – O galã sedutor sucumbe às Helenas Coelh(a)s bonitas, atraentes, sexys, carnais... o cavalheiro enamorado não; O primeiro porque pensa que sabe, o segundo porque não sabe (mas sente).
Ó macho suminho, sabes porque é que as Helenas Coelhas da vida airada são as tuas mulheres de sonho? R.: O quê? Então não sei? então é a pernoca da Coelha que é boa! e aquela silhueta perfeita? e os olhos e cabelos? e a barriguinha? e as mamoquinhas esculpidas pelos deuses do Olímpo? Estás-me a dizer a mim, suminho macho, que eu não sei aquilo que gosto? R: De uma certa perspectiva, sim.
Para começar, não duvido que gostas muito do Photoshop. Depois, acho que gostas muito de imagens... muita foto, muito poster, muito papel... Depois acho que devias começar pela Helena Coelho (em pele e osso) e, finalmente, pergunto-me se ias gostar da Helena Coelho ou, pelo contrário, de uma qualquer parte ou partes dela: das mamas/pernas/rabiosque rijinho/olhinho azul/eventual parvoíce, porque, vá lá, são coisas um pouco diferentes (Helenas às postas, parceladas – parece uma descrição de Serial Killer, mas é puramente alegórico).
E o cavalheiro enamorado? Sabe? R: Não. Porquê?
Vamos a ele então, - perdoe-me o Camões - ao Amor (enamorado).
Então mas que raio de Amor é esse que se deixa explicar (em palavras)? que se percebe? que tem uma equação e um Q.I. explícitos e demonstráveis? Será a simpatia? A coxa? O olho azul? É o conjunto? Então mas é identificável? Aponta-se? Determina-se? E se ela ficar mais gorda um dia? e velha? Se ficar antipática? Morreu o Amor? Mas que maravilha! O amor matemático.
O amor de supermercado: onde há, após a ronda de vistoria rigorosa e selectiva às prateleiras, a escolha de ingredientes favoritos, junta-se água e já está! mas que poder!, eis o suprimento das nossas carências consumistas… falava-se de quê? Amor?!... Ó MEC chanfrado, aqui te invoco, porque, apesar de snob, escreveste sobre a “palmadinha nas costas” como eu gostaria de ter escrito:
"Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
(...) Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Elogio ao amor (Miguel Esteves Cardoso - Expresso )
E depois da bonança, eis a tempestade (“xixinha” mode fully engaged):
MAS DESDE QUANDO É QUE SE ESCOLHE QUEM SE AMA?!
E DESDE QUANDO SE ESCOLHE SEQUER O QUE SE SENTE?!
É QUE ISTO DE SENTIR COISAS, TEM QUE SAIR CÁ PARA FORA! PORQUE CORRÓI SE SE AMORDAÇA! PORQUE SE EXISTE NUM EXISTIR PULULANTE DE QUERER! E O GRANDE MAL É QUE ESSA EXTERIORIZAÇÃO É FEITA ATRAVÉS DE MISERÁVEIS PALAVRAS!!! NÃO HÁ ESCOLHA!! QUE CONVERSÃO REDUTORAMENTE HEDIONDA DO SENTIR ENCAPSULADO E ESCRAVIZADO EM ENTRELAÇAMENTOS DE INSUFICIENTES, ESCRAVIZADORAS, INEVITÁVEIS E SUFOCANTES PALAVRAS!!!
As palavras que leste, Mafalda, não se podem nunca agradecer. Nem sequer o sentir que as originou se pode louvar, porque nem esse pude escolher. Antes pudessem os olhos e as mãos dizer por mim: Para dizê-lo à Mafalda! Não se dirige à simpatia da Mafalda, nem às ideias da Mafalda, nem à perfeição da Mafalda! Como é que se dedica uma “Íris Goo Goo Dooliana” às ideias extraordinárias da Mafalda? Como é que se expressa um “and I’d give up forever to touch you, ‘cause I knew that you feel me somehow” ao sorriso da Mafalda!? As ideias não me fascinam a esse ponto, nem nunca tive nenhuma “queda” por bibliotecas, nem mesmo aquelas mais curvilíneas e bonitas. Há somente um SENTIR, e isso é tudo o que se precisa para saber e, consequentemente, para fazer. O que leste não é um elogio com o fim de te deleitar, de te mimar, de te fazer sorrir… É O QUE EU SINTO! E ISSO, NÃO SE AGRADECE!!!
P.S.: «Olhos de Mongol é uma expressão do escritor Henry Miller, para aquela empatia que existe quando conheces uma pessoa, estás a falar com ela pela primeira vez e há uma energia no olhar, toda aquela ligação um bocado inexplicável» - Linda Martini (banda portuguesa).
P.S.2: Diz lá menino, sim, porque ainda não tens aquela “experiência de vida”, não é? O que é o Amor?
«O Amor É Não Haver Polícia». Os Linda Martini encontraram a frase num livro de redacções infantis dos anos 50. A banda revê-se na sentença de um menino (então) com 10 anos.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Eça de Queirós - A Perfeição Parte II
Um deus descera, um grande deus... Era o mensageiro dos deuses, o leve, eloquente Mercúrio. Calçado com aquelas sandálias que têm duas asas brancas, os cabelos cor de vinho cobertos pelo casco onde batem também duas claras asas, erguendo na mão o caduceu, ele fendera o éter, roçara alisura do mar sossegado, pisara a areia da ilha, onde as suas pegadas ficavam rebrilhando como palmilhas de ouro novo. Apesar de percorrer toda a Terra, com os recados inumeráveis dos deuses, o luminoso mensageiro não conhecia aquela ilha de Ogígia - e admirou, sorrindo, a beleza dos prados de violetas tão doces para o correr de brincar de ninfas, e o harmoniosofaiscar dos regatos por entre os altos e lânguidos lírios. Uma vinha, sobre esteios de jaspe, carregada de cachos maduros, conduzia, como fresco pórtico salpicado de sol, até à entrada da gruta, toda de rochas polidas, donde pendiam jasmineiros e madressilvas, envoltas no sussurrar das abelhas. E logo avistou Calipso, a deusa ditosa, sentada num trono, fiandoem roca de ouro, com fuso de ouro, a lã formosa de púrpura marinha. Um aro de esmeraldas prendia os seus cabelos muito anelados e ardentemente louros. Sob a túnica diáfana a mocidade imortal do seu corpo rebrilhava como a neve, quando a aurora a tinge de rosas nas colinas eternas povoadas de deuses. E enquanto torcia o fuso, cantava um trinado e fino canto, como trémulo fio de cristal vibrando da Terra ao Céu. Mercúrio pensou: "Linda ilha, e linda ninfa!"De um lume claro de cedro e tuia, subia, muito direito, um fumo delgado que perfumava toda a ilha. Em roda, sentadas em esteiras, sobre o chão de ágata, as ninfas, servas da deusa, dobavam as lãs, bordavam na seda as flores ligeiras, teciam as puras teias em teares de prata. Todas coraram, com o seio a arfar, sentindo a presença do deus. E sem deter o fuso faiscante, Calipso reconhecera logo o mensageiro - pois que todos osimortais sabem, uns dos outros, os nomes, os feitos. e os rostossoberanos, mesmo quando habitam retiros remotos que o éter e o mar separam. Mercúrio parara, risonho, na sua nudez divina, exalando o perfume do Olimpo. Então a deusa ergueu para ele, com composta serenidade, o esplendor largo dos seus olhos verdes:
- Oh! Mercúrio! porque desceste à minha ilha humilde, tu, venerável e querido, que eu nunca vi pisar a terra? Diz o que de mim esperas. Já o meu aberto coração me ordena que te contente, se o teu desejo couber dentro do meu poder e do fado... Mas entra, repousa, e que eu te sirva, como doceirmã, à mesa da hospitalidade. Tirou da cintura a roca, arredou os anéis soltos do cabelo radiante - e com as suas nacaradas mãos colocou sobre a mesa, que as ninfas acercaramdo lume aromático, o prato transbordante de ambrósia, e as infusas de cristal onde cintilava o néctar.Mercúrio murmurou: "Doce é a tua hospitalidade, ó deusa!" Pendurou o caduceu no fresco ramo de um plátano, estendeu os dedos reluzentes para a travessa de ouro, risonhamente louvou a excelência daquele néctar da ilha. E contentada a alma, encostando a cabeça ao tronco liso do plátano que se cobriu de claridade, começou, com palavras perfeitas e aladas:- Perguntaste porque descia um deus à tua morada, oh! deusa! E certamente nenhum imortal percorreria sem motivo, desde o Olimpo até Ogígia, esta deserta imensidade do mar salgado em que se não encontram cidades de homens, nem templos cercados de bosques, nem sequer um pequenino santuáriode onde suba o aroma do incenso, ou o cheiro das carnes votivas, ou o murmúrio gostoso das preces... Mas foi nosso Pai Júpiter, o tempestuoso, que me mandou neste recado. Tu recolheste, e reténs pela forçaincomensurável da tua doçura, o mais subtil e desgraçado de todos os príncipes que combateram durante dez anos a alta Tróia, e depois embarcaram nas naves fundas para voltar à terra da pátria. Muitos desses conseguiram reentrar nos seus ricos lares, carregados de fama, de despojos, e de histórias excelentes para contar. Ventos inimigos, porém, e um fado mais inexorável, arremessaram a esta tua ilha, enrolado nas sujasespumas, o facundo e astuto Ulisses... Ora o destino deste herói não é ficar na ociosidade imortal do teu leito, longe daqueles que o choram, e que carecem da sua força e manhas divinas. Por isso Júpiter, regulador da ordem, te ordena, oh deusa, que soltes o magnânimo Ulisses dos teus braços claros, e o restituas, com os presentes docemente devidos, à sua Ítaca amada, e à sua Penélope, que tece e desfaz a teia ardilosa, cercada dos pretendentes arrogantes, devoradores dos seus gordos bois, sorvedores dos seus frescos vinhos!A divina Calipso mordeu levemente o beiço; e sobre a sua face luminosa desceu a sombra das densas pestanas cor de jacinto. Depois, com um harmonioso suspiro, em que ondulou todo o seu peito rebrilhante:- Ah deuses grandes, deuses ditosos, como sois asperamente ciumentos das deusas, que, sem se estenderem pela espessura dos bosques ou nas pregas escuras dos montes, amam os homens eloquentes e fortes!... Este, que meinvejais, rolou às areias da minha ilha, nu, pisado, faminto, preso a uma quilha partida, perseguido por todas as iras, e todas as rajadas, e todos os raios dardejantes de que dispõe o Olimpo. Eu o recolhi, o lavei, o nutri, o amei, o guardei, para que ficasse eternamente ao abrigo das tormentas, da dor e da velhice. E agora Júpiter trovejador, ao cabo de oito anos em que a minha doce vida se enroscou em torno desta afeição comoa vide ao olmo, determina que eu me separe do companheiro que escolhera para a minha imortalidade! Realmente sois cruéis, oh deuses, que constantemente aumentais a raça turbulenta dos semideuses dormindo com as mulheres mortais! E como queres que eu mande Ulisses à sua pátria, se nãopossuo naves, nem remadores, nem piloto sabedor que o guie através das ilhas? Mas quem pode resistir a Júpiter, que ajunta as nuvens? Seja! E que o Olimpo ria, obedecido. Eu ensinarei o intrépido Ulisses a construir uma jangada segura, com que de novo fenda o dorso verde do mar...Imediatamente, o mensageiro Mercúrio se levantou do escabelo pregado com pregos de ouro, retomou o seu caduceu, e bebendo uma derradeira taça do néctar excelente da ilha, lourou a obediência da deusa:- Bem farás, oh Calipso! Assim evitas a cólera do Pai trovejante. Quem lhe resistirá? A sua omnisciência dirige a sua omnipotência. E ele sustenta, como ceptro, uma árvore que tem por flor a ordem... as suas decisões, clementes ou cruéis, resultam sempre em harmonia. Por isso o seu braço se torna terrífico aos peitos rebeldes. Pela sua pronta submissão serás filha estimada, e gozarás uma imortalidade repassada de sossego, sem intrigas e sem surpresas...Já as asas impacientes das suas sandálias palpitavam, e o seu corpo, com sublime graça, se balançava por sobre as relvas e flores que alcatifavam a entrada da gruta.- De resto - acrescentou - a tua ilha, oh deusa, fica no caminho das naves ousadas que cortam as ondas. Em breve talvez outro herói robusto, tendo ofendido os imortais, aportará à tua doce praia, abraçado a uma quilha...Acende um facho claro, de noite, nas rochas altas!E, rindo, o mensageiro divino serenamente se elevou, riscando no éter um sulco de elegante fulgor que as ninfas, esquecida a tarefa, seguiam, co m os frescos lábios entreabertos e o seio levantado, no desejo daquele imortal formoso.Então Calipso, pensativa, lançando sobre os seus cabelos anelados um véu da cor do açafrão, caminhou para a orla do mar, através dos prados, numa pressa que lhe enrodilhava a túnica, à maneira de uma espuma leve, em torno das pernas redondas e róseas. Tão levemente pisou a areia que o magnânimo Ulisses não a sentiu deslizar, perdido na contemplação das águas lustrosas, com a negra barba entre as mãos, aliviando em gemidos o peso doseu cão. A deusa sorriu, com fugitiva e soberana amargura. Depois, pousando no vasto ombro heróis os seus dedos tão claros como os de Eos, mãe do dia:- Não te lamentes mais, desgraçado, nem te consumas, olhando o mar! Os deuses, que me são superiores pela inteligência e pela vontade, determinam que tu partas, afrontes a inconstância dos ventos, e calques de novo a terra da pátria...Bruscamente, como o condor fendendo sobre a presa, o divino Ulisses, com a face assombrada, saltou da rocha musgosa:- Oh deusa, tu dizes!...Ela continuou sossegadamente, com os formosos braços pendidos,enrodilhados no véu cor de açafrão, enquanto a vaga rolava, mais doce e cantante, no amoroso respeito da sua presença divina.- Bem sabes que não tenho naves de alta proa, nem remadores de rijo peito, nem piloto amigo das estrelas, que me conduzam... Mas certamente te confiarei o machado de bronze que foi meu pai, para tu abateres as árvores que eu te marcar, e construíres uma jangada em que embarques... Depois eua provirei de odres de vinho, de comidas perfeitas, e a impelirei com um sopro amigo para o mar indomado...O cauteloso Ulisses recuara lentamente, cravando na deusa um duro olhar que a desconfiança enegrecia. E erguendo a mão, que tremia toda, com a ansiedade do seu coração:- Oh deusa, tu abrigas um pensamento terrível, pois que assim me convidas a afrontar numa jangada as ondas difíceis, onde mal se mantêm fundas naves! Não, deusa perigosa, não! Eu combati na grande guerra onde os deuses também combateram, e conheço a malícia infinita que contém o coração dos imortais! Se resisti às sereias irresistíveis, e me safei com sublimes manobras de entre Cila e Caríbdis, e venci Polifemo com um ardil que eternamente me tornará ilustre entre os homens, não foi decerto, oh deusa, para que, agora na ilha de Ogígia, como passarinho de pouca penugem, no seu primeiro voo do ninho, caia em armadilha ligeira arranjada com dizeres de mel! Não, deusa, não! Só embarcarei na tua extraordináriajangada se tu jurares, pelo juramento terrífico dos deuses, que não preparas, com esses quietos olhos, a minha perda irreparável!Assim bradava, à beira das ondas, com o peito a arfar, Ulisses, o herói prudente... Então a deusa clemente riu, com um cantado e refulgente riso. E caminhando para o herói, correndo os dedos celestes pelos seus espessos cabelos mais negros que o pez:- Oh maravilhoso Ulisses - disse -, tu és, bem na verdade, o mais refalsado e manhoso dos homens, pois que nem concebes que exista espírito sem manha e sem falsidade! Meu pai ilustre não me gerou com um coração de ferro! Apesar de imortal, compreendo as desventuras mortais. Só te aconselhei o que eu, deusa, empreenderia, se o fado me obrigasse a sair deOgígia através do mar incerto!...O divino Ulisses retirou lenta e sombriamente a cabeça da rosada carícia dos dedos divinos: - Mas jura... Oh deusa, jura, para que ao meu peito desça, como onda de leite, a saborosa confiança!Ela ergueu o claro braço ao azul onde os deuses moram:- Por Gaia e pelo Céu superior, e pelas águas subterrâneas do Estígio, que é a maior invocação que podem lançar os imortais, juro, oh homem, príncipe dos homens, que não preparo tua perda nem misérias maiores...O valente Ulisses respirou largamente. E arregaçando logo as mangas da túnica, esfregando as palmas das mãos robustas.- Onde está o machado de teu pai magnífico? Mostra as árvores, oh deusa!... O dia baixa e o trabalho é longo!- Sossega, oh homem sôfrego de males humanos! Os deuses superiores em sapiência já determinaram o teu destino... Recolhe comigo à doce gruta, a reforçar a tua força... Quando Éos vermelha aparecer, amanhã, eu te conduzirei à floresta.
- Oh! Mercúrio! porque desceste à minha ilha humilde, tu, venerável e querido, que eu nunca vi pisar a terra? Diz o que de mim esperas. Já o meu aberto coração me ordena que te contente, se o teu desejo couber dentro do meu poder e do fado... Mas entra, repousa, e que eu te sirva, como doceirmã, à mesa da hospitalidade. Tirou da cintura a roca, arredou os anéis soltos do cabelo radiante - e com as suas nacaradas mãos colocou sobre a mesa, que as ninfas acercaramdo lume aromático, o prato transbordante de ambrósia, e as infusas de cristal onde cintilava o néctar.Mercúrio murmurou: "Doce é a tua hospitalidade, ó deusa!" Pendurou o caduceu no fresco ramo de um plátano, estendeu os dedos reluzentes para a travessa de ouro, risonhamente louvou a excelência daquele néctar da ilha. E contentada a alma, encostando a cabeça ao tronco liso do plátano que se cobriu de claridade, começou, com palavras perfeitas e aladas:- Perguntaste porque descia um deus à tua morada, oh! deusa! E certamente nenhum imortal percorreria sem motivo, desde o Olimpo até Ogígia, esta deserta imensidade do mar salgado em que se não encontram cidades de homens, nem templos cercados de bosques, nem sequer um pequenino santuáriode onde suba o aroma do incenso, ou o cheiro das carnes votivas, ou o murmúrio gostoso das preces... Mas foi nosso Pai Júpiter, o tempestuoso, que me mandou neste recado. Tu recolheste, e reténs pela forçaincomensurável da tua doçura, o mais subtil e desgraçado de todos os príncipes que combateram durante dez anos a alta Tróia, e depois embarcaram nas naves fundas para voltar à terra da pátria. Muitos desses conseguiram reentrar nos seus ricos lares, carregados de fama, de despojos, e de histórias excelentes para contar. Ventos inimigos, porém, e um fado mais inexorável, arremessaram a esta tua ilha, enrolado nas sujasespumas, o facundo e astuto Ulisses... Ora o destino deste herói não é ficar na ociosidade imortal do teu leito, longe daqueles que o choram, e que carecem da sua força e manhas divinas. Por isso Júpiter, regulador da ordem, te ordena, oh deusa, que soltes o magnânimo Ulisses dos teus braços claros, e o restituas, com os presentes docemente devidos, à sua Ítaca amada, e à sua Penélope, que tece e desfaz a teia ardilosa, cercada dos pretendentes arrogantes, devoradores dos seus gordos bois, sorvedores dos seus frescos vinhos!A divina Calipso mordeu levemente o beiço; e sobre a sua face luminosa desceu a sombra das densas pestanas cor de jacinto. Depois, com um harmonioso suspiro, em que ondulou todo o seu peito rebrilhante:- Ah deuses grandes, deuses ditosos, como sois asperamente ciumentos das deusas, que, sem se estenderem pela espessura dos bosques ou nas pregas escuras dos montes, amam os homens eloquentes e fortes!... Este, que meinvejais, rolou às areias da minha ilha, nu, pisado, faminto, preso a uma quilha partida, perseguido por todas as iras, e todas as rajadas, e todos os raios dardejantes de que dispõe o Olimpo. Eu o recolhi, o lavei, o nutri, o amei, o guardei, para que ficasse eternamente ao abrigo das tormentas, da dor e da velhice. E agora Júpiter trovejador, ao cabo de oito anos em que a minha doce vida se enroscou em torno desta afeição comoa vide ao olmo, determina que eu me separe do companheiro que escolhera para a minha imortalidade! Realmente sois cruéis, oh deuses, que constantemente aumentais a raça turbulenta dos semideuses dormindo com as mulheres mortais! E como queres que eu mande Ulisses à sua pátria, se nãopossuo naves, nem remadores, nem piloto sabedor que o guie através das ilhas? Mas quem pode resistir a Júpiter, que ajunta as nuvens? Seja! E que o Olimpo ria, obedecido. Eu ensinarei o intrépido Ulisses a construir uma jangada segura, com que de novo fenda o dorso verde do mar...Imediatamente, o mensageiro Mercúrio se levantou do escabelo pregado com pregos de ouro, retomou o seu caduceu, e bebendo uma derradeira taça do néctar excelente da ilha, lourou a obediência da deusa:- Bem farás, oh Calipso! Assim evitas a cólera do Pai trovejante. Quem lhe resistirá? A sua omnisciência dirige a sua omnipotência. E ele sustenta, como ceptro, uma árvore que tem por flor a ordem... as suas decisões, clementes ou cruéis, resultam sempre em harmonia. Por isso o seu braço se torna terrífico aos peitos rebeldes. Pela sua pronta submissão serás filha estimada, e gozarás uma imortalidade repassada de sossego, sem intrigas e sem surpresas...Já as asas impacientes das suas sandálias palpitavam, e o seu corpo, com sublime graça, se balançava por sobre as relvas e flores que alcatifavam a entrada da gruta.- De resto - acrescentou - a tua ilha, oh deusa, fica no caminho das naves ousadas que cortam as ondas. Em breve talvez outro herói robusto, tendo ofendido os imortais, aportará à tua doce praia, abraçado a uma quilha...Acende um facho claro, de noite, nas rochas altas!E, rindo, o mensageiro divino serenamente se elevou, riscando no éter um sulco de elegante fulgor que as ninfas, esquecida a tarefa, seguiam, co m os frescos lábios entreabertos e o seio levantado, no desejo daquele imortal formoso.Então Calipso, pensativa, lançando sobre os seus cabelos anelados um véu da cor do açafrão, caminhou para a orla do mar, através dos prados, numa pressa que lhe enrodilhava a túnica, à maneira de uma espuma leve, em torno das pernas redondas e róseas. Tão levemente pisou a areia que o magnânimo Ulisses não a sentiu deslizar, perdido na contemplação das águas lustrosas, com a negra barba entre as mãos, aliviando em gemidos o peso doseu cão. A deusa sorriu, com fugitiva e soberana amargura. Depois, pousando no vasto ombro heróis os seus dedos tão claros como os de Eos, mãe do dia:- Não te lamentes mais, desgraçado, nem te consumas, olhando o mar! Os deuses, que me são superiores pela inteligência e pela vontade, determinam que tu partas, afrontes a inconstância dos ventos, e calques de novo a terra da pátria...Bruscamente, como o condor fendendo sobre a presa, o divino Ulisses, com a face assombrada, saltou da rocha musgosa:- Oh deusa, tu dizes!...Ela continuou sossegadamente, com os formosos braços pendidos,enrodilhados no véu cor de açafrão, enquanto a vaga rolava, mais doce e cantante, no amoroso respeito da sua presença divina.- Bem sabes que não tenho naves de alta proa, nem remadores de rijo peito, nem piloto amigo das estrelas, que me conduzam... Mas certamente te confiarei o machado de bronze que foi meu pai, para tu abateres as árvores que eu te marcar, e construíres uma jangada em que embarques... Depois eua provirei de odres de vinho, de comidas perfeitas, e a impelirei com um sopro amigo para o mar indomado...O cauteloso Ulisses recuara lentamente, cravando na deusa um duro olhar que a desconfiança enegrecia. E erguendo a mão, que tremia toda, com a ansiedade do seu coração:- Oh deusa, tu abrigas um pensamento terrível, pois que assim me convidas a afrontar numa jangada as ondas difíceis, onde mal se mantêm fundas naves! Não, deusa perigosa, não! Eu combati na grande guerra onde os deuses também combateram, e conheço a malícia infinita que contém o coração dos imortais! Se resisti às sereias irresistíveis, e me safei com sublimes manobras de entre Cila e Caríbdis, e venci Polifemo com um ardil que eternamente me tornará ilustre entre os homens, não foi decerto, oh deusa, para que, agora na ilha de Ogígia, como passarinho de pouca penugem, no seu primeiro voo do ninho, caia em armadilha ligeira arranjada com dizeres de mel! Não, deusa, não! Só embarcarei na tua extraordináriajangada se tu jurares, pelo juramento terrífico dos deuses, que não preparas, com esses quietos olhos, a minha perda irreparável!Assim bradava, à beira das ondas, com o peito a arfar, Ulisses, o herói prudente... Então a deusa clemente riu, com um cantado e refulgente riso. E caminhando para o herói, correndo os dedos celestes pelos seus espessos cabelos mais negros que o pez:- Oh maravilhoso Ulisses - disse -, tu és, bem na verdade, o mais refalsado e manhoso dos homens, pois que nem concebes que exista espírito sem manha e sem falsidade! Meu pai ilustre não me gerou com um coração de ferro! Apesar de imortal, compreendo as desventuras mortais. Só te aconselhei o que eu, deusa, empreenderia, se o fado me obrigasse a sair deOgígia através do mar incerto!...O divino Ulisses retirou lenta e sombriamente a cabeça da rosada carícia dos dedos divinos: - Mas jura... Oh deusa, jura, para que ao meu peito desça, como onda de leite, a saborosa confiança!Ela ergueu o claro braço ao azul onde os deuses moram:- Por Gaia e pelo Céu superior, e pelas águas subterrâneas do Estígio, que é a maior invocação que podem lançar os imortais, juro, oh homem, príncipe dos homens, que não preparo tua perda nem misérias maiores...O valente Ulisses respirou largamente. E arregaçando logo as mangas da túnica, esfregando as palmas das mãos robustas.- Onde está o machado de teu pai magnífico? Mostra as árvores, oh deusa!... O dia baixa e o trabalho é longo!- Sossega, oh homem sôfrego de males humanos! Os deuses superiores em sapiência já determinaram o teu destino... Recolhe comigo à doce gruta, a reforçar a tua força... Quando Éos vermelha aparecer, amanhã, eu te conduzirei à floresta.
domingo, 5 de abril de 2009
Gratuit - sur le sens d'une vie.
Pas d’internet. Pas de Skype. Pas de possibilité d’appeler. Pas de téléphone. Aucune communication. Pas des temps, pas de disponibilité. Pas de possibilité. Pas des moyennes. Pas des ressources, pas de trop de volonté.
Désolé. La vie ici n’est pas facile, il faut toujours géré millions de choses. Le temps… le temps… toujours le temps. Il est le responsable. Si… j’aurai du temps, si j’aurai l’argent. Si la vie étais une autre, si j’aurai gagné l’loto, si… si… si….
Mais la VIE celle-ci, celle-ci devant toi, elle est la, pulsant ! Toujours… Mais le TEMP celui la que tu vois très courts, il n’arrête pas, et malgré tous, il est toujours le même. Il est toujours un, il sera tout le temps : le temps qui passe, et pas plus que ça.
Le sens de la vie, mon dit les livres et les dialogues, et la pensé (qui pour beaucoup des gens c’est inutile et dans le nuages), philosophique, c’est pas une chose à chercher dans l’objet.
Et le drôle c’est que, quand on ce demande :
Où elle se trouve - alors ?
On a à répondre :
Ça n’est pas important du tout. :)
Comment on la sent ?
On a à répondre :
Ça n’est pas important non plus, sauf si tu veux faire des écris érudites sur ça.
Quelle est le sens de la vie ?
On a à répondre :
La tu me demande an objet mais, le sens de la vie n’est pas dans une objet.
Mais alors quelle question if faut poser ?
On a à répondre :
Aucune. :) Parce que la VIE, celle-ci, dedans toi, elle est la, pulsant !
Désolé. La vie ici n’est pas facile, il faut toujours géré millions de choses. Le temps… le temps… toujours le temps. Il est le responsable. Si… j’aurai du temps, si j’aurai l’argent. Si la vie étais une autre, si j’aurai gagné l’loto, si… si… si….
Mais la VIE celle-ci, celle-ci devant toi, elle est la, pulsant ! Toujours… Mais le TEMP celui la que tu vois très courts, il n’arrête pas, et malgré tous, il est toujours le même. Il est toujours un, il sera tout le temps : le temps qui passe, et pas plus que ça.
Le sens de la vie, mon dit les livres et les dialogues, et la pensé (qui pour beaucoup des gens c’est inutile et dans le nuages), philosophique, c’est pas une chose à chercher dans l’objet.
Et le drôle c’est que, quand on ce demande :
Où elle se trouve - alors ?
On a à répondre :
Ça n’est pas important du tout. :)
Comment on la sent ?
On a à répondre :
Ça n’est pas important non plus, sauf si tu veux faire des écris érudites sur ça.
Quelle est le sens de la vie ?
On a à répondre :
La tu me demande an objet mais, le sens de la vie n’est pas dans une objet.
Mais alors quelle question if faut poser ?
On a à répondre :
Aucune. :) Parce que la VIE, celle-ci, dedans toi, elle est la, pulsant !
domingo, 15 de março de 2009
OLHA INTELIGENTE - estou farto!
Farto das confusões entre inteligência, burrice e ignorância.
CONFUSÕES SOBRE INTELIGÊNCIA:
1) TER MUITA CULTURA, BAGAGEM, CONHECIMENTOS E VERBORREIA NÃO É INTELIGÊNCIA. É OU CULTURA (COLECÇÕES ADENSADAS DE FACTOS), OU MANIA (SOFISTAS).
1.1) NESTE SENTIDO, SER INTELIGENTE NÃO É SABER RESPONDER ÀS PERGUNTAS DO MALATO NA RTP NEM DO BUZZ NA PLAYSTATION (E AFINS), NEM SABER TODAS AS PALAVRAS DO DICIONÁRIO, NEM TODAS AS MÚSICAS, LIVROS, PAÍSES, ANIMAIS...
1.2) OLHA AQUELE MENINO SÓ TEM 7 ANOS E É UM ESPECIALISTA EM DINOSSAUROS, SABE TUDO, DESDE A ALIMENTAÇÃO AOS HÁBITOS ALIMENTARES, ÀS CARTILAGENS E OSSOS... AI TÃO INTELIGENTE...
NNNNNNNNNAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! TEM O SEU MÉRITO!!! TEM A SUA APETÊNCIA!!!! TEVE O FRUTO DO SEU EMPENHO E DO SEU TRABALHO!!!!!!!!! PODE ATÉ TER UMA FACILIDADE DE APRENDIZAGEM FORA DO COMUM, NO SENTIDO EM QUE ABSORVE MUI RAPIDAMENTE CONHECIMENTOS!!!!!!!!!!!!!!!!! SIM, É LOUVÁVEL!!!!!!!!!!!!!! MAS ISSO NÃO CHEGA, NÃO PARA SER INTELIGENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NÃAAAAAAAAOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE EUSEBIOZINHOS D'OS MAIAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE MENINOS PRODÍGIO QUE SABIAM CITAR TODOS OS POEMAS CLÁSSICOS DE COR MUI PRECOCEMENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE CITADORES, BALBUCIADORES, PAPAGUEADORES, COPY-PASTADORES!!!!!!!!!!!!!
1.3) "TIVE 19, LOGO, SOU INTELIGENTE". EPÁ MORRE MEU.
SOBRE SER BURRO:
SER BURRO É:
1) NÃO QUERER APRENDER NADA POR LIVRE INICIATIVA.
2) NÃO SE ESTIMULAR POR ESCLARECER AS SUAS DÚVIDAS SEJAM ELAS QUAIS FOREM.
3) É UMA NEGLIGÊNCIA. É NÃO QUERER SABER NADA. É PENSAR QUE TUDO O QUE OUVE É VERDADE.
4) É NÃO QUERER DESCOBRIR PORQUÊ. É NÃO SABER QUESTIONAR O QUE QUER QUE SEJA. É NÃO PENSAR POR SI MESMO.
SER IGNORANTE É:
1) DESCONHECER MUITAS COISAS SOBRE MUITAS COISAS. É UM ESTADO DE DESCONHECIMENTO RELATIVO A ALGO. NÃO É UMA COISA PERMANENTE, NEM UMA DOENÇA.
1.2) O INTELIGENTE COM CULTURA PERCEBE QUE QUANTO MAIS ALARGA OS HORIZONTES DO SEU CONHECIMENTO MAIS CONSCIÊNCIA TEM DA ÍNFIMA E PARCELAR FATIA DA SUA CULTURA.
1.3) O BURRO CULTO, À MEDIDA QUE ANGARIA FACTOS, ACHA-SE CADA VEZ MAIS DIGNIFICADO NA DISTÂNCIA DE UM PÓDIUM QUE O ELEGE E DISTINGUE ACIMA DOS HOMENS COMUNS, CONVENCENDO-SE DA SUA SUPERIORIDADE (SEJA ELA QUAL FOR) RELTIVAMENTE A TODOS OS OUTROS. ILHA COM ELE. (depois haverá de se explicar o que significa a ilha).
1.4) A CULTURA É "COMPATÍVEL" COM BURRICE E INTELIGÊNCIA; NÃO É PRÓPRIA, NO SENTIDO EXCLUSIVO, DE UMA OU DE OUTRA.
E SER INTELIGENTE O QUE É:
SER INTELIGENTE É O CONTRÁRIO DE BURRO. É SABER QUESTIONAR. É SABER INVESTIGAR. É TER A CAPACIDADE DE RECONHECER O SEU PERMANENTE ESTADO DE IGNORÂNCIA E PERMANENTEMENTE INVESTIGAR. É PROCURAR OS FUNDAMENTOS. É PERCEBER COMO MANIPULAR OS SEUS CONHECIMENTOS, ORDENÁ-LOS, ORGANIZÁ-LOS PARA TENTAR CHEGAR SEMPRE A UM CONHECIMENTO MAIS PROFUNDO. É RECONHECER QUE A SUA PRÓPRIA CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE ESTÁ NO OUTRO. É NÃO VER QUALQUER SENTIDO NA VANGLORIZAÇÃO DA SUA COLECÇÃO DE FACTOS (CULTURA) E NÃO JULGAR OS OUTROS. É SER HUMILDE. É NÃO ACHAR, NUNCA, QUE TEM A VERDADE NO BOLSO. É SE CAPAZ DE MANDAR ABAIXO O SEU EDIFÍCIO DE CRENÇAS E RECONSTRUÍ-LO SE FOR NECESSÁRIO. É SER CAPAZ NÃO SÓ DE APRENDER COMO RE-APRENDER O QUE JÁ APRENDEU. É SABER OUVIR MAIS DO QUE UM GOSTAR DE OUVIR-SE.
by Magnata
CONFUSÕES SOBRE INTELIGÊNCIA:
1) TER MUITA CULTURA, BAGAGEM, CONHECIMENTOS E VERBORREIA NÃO É INTELIGÊNCIA. É OU CULTURA (COLECÇÕES ADENSADAS DE FACTOS), OU MANIA (SOFISTAS).
1.1) NESTE SENTIDO, SER INTELIGENTE NÃO É SABER RESPONDER ÀS PERGUNTAS DO MALATO NA RTP NEM DO BUZZ NA PLAYSTATION (E AFINS), NEM SABER TODAS AS PALAVRAS DO DICIONÁRIO, NEM TODAS AS MÚSICAS, LIVROS, PAÍSES, ANIMAIS...
1.2) OLHA AQUELE MENINO SÓ TEM 7 ANOS E É UM ESPECIALISTA EM DINOSSAUROS, SABE TUDO, DESDE A ALIMENTAÇÃO AOS HÁBITOS ALIMENTARES, ÀS CARTILAGENS E OSSOS... AI TÃO INTELIGENTE...
NNNNNNNNNAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! TEM O SEU MÉRITO!!! TEM A SUA APETÊNCIA!!!! TEVE O FRUTO DO SEU EMPENHO E DO SEU TRABALHO!!!!!!!!! PODE ATÉ TER UMA FACILIDADE DE APRENDIZAGEM FORA DO COMUM, NO SENTIDO EM QUE ABSORVE MUI RAPIDAMENTE CONHECIMENTOS!!!!!!!!!!!!!!!!! SIM, É LOUVÁVEL!!!!!!!!!!!!!! MAS ISSO NÃO CHEGA, NÃO PARA SER INTELIGENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NÃAAAAAAAAOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE EUSEBIOZINHOS D'OS MAIAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE MENINOS PRODÍGIO QUE SABIAM CITAR TODOS OS POEMAS CLÁSSICOS DE COR MUI PRECOCEMENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! CHEGA DE CITADORES, BALBUCIADORES, PAPAGUEADORES, COPY-PASTADORES!!!!!!!!!!!!!
1.3) "TIVE 19, LOGO, SOU INTELIGENTE". EPÁ MORRE MEU.
SOBRE SER BURRO:
SER BURRO É:
1) NÃO QUERER APRENDER NADA POR LIVRE INICIATIVA.
2) NÃO SE ESTIMULAR POR ESCLARECER AS SUAS DÚVIDAS SEJAM ELAS QUAIS FOREM.
3) É UMA NEGLIGÊNCIA. É NÃO QUERER SABER NADA. É PENSAR QUE TUDO O QUE OUVE É VERDADE.
4) É NÃO QUERER DESCOBRIR PORQUÊ. É NÃO SABER QUESTIONAR O QUE QUER QUE SEJA. É NÃO PENSAR POR SI MESMO.
SER IGNORANTE É:
1) DESCONHECER MUITAS COISAS SOBRE MUITAS COISAS. É UM ESTADO DE DESCONHECIMENTO RELATIVO A ALGO. NÃO É UMA COISA PERMANENTE, NEM UMA DOENÇA.
1.2) O INTELIGENTE COM CULTURA PERCEBE QUE QUANTO MAIS ALARGA OS HORIZONTES DO SEU CONHECIMENTO MAIS CONSCIÊNCIA TEM DA ÍNFIMA E PARCELAR FATIA DA SUA CULTURA.
1.3) O BURRO CULTO, À MEDIDA QUE ANGARIA FACTOS, ACHA-SE CADA VEZ MAIS DIGNIFICADO NA DISTÂNCIA DE UM PÓDIUM QUE O ELEGE E DISTINGUE ACIMA DOS HOMENS COMUNS, CONVENCENDO-SE DA SUA SUPERIORIDADE (SEJA ELA QUAL FOR) RELTIVAMENTE A TODOS OS OUTROS. ILHA COM ELE. (depois haverá de se explicar o que significa a ilha).
1.4) A CULTURA É "COMPATÍVEL" COM BURRICE E INTELIGÊNCIA; NÃO É PRÓPRIA, NO SENTIDO EXCLUSIVO, DE UMA OU DE OUTRA.
E SER INTELIGENTE O QUE É:
SER INTELIGENTE É O CONTRÁRIO DE BURRO. É SABER QUESTIONAR. É SABER INVESTIGAR. É TER A CAPACIDADE DE RECONHECER O SEU PERMANENTE ESTADO DE IGNORÂNCIA E PERMANENTEMENTE INVESTIGAR. É PROCURAR OS FUNDAMENTOS. É PERCEBER COMO MANIPULAR OS SEUS CONHECIMENTOS, ORDENÁ-LOS, ORGANIZÁ-LOS PARA TENTAR CHEGAR SEMPRE A UM CONHECIMENTO MAIS PROFUNDO. É RECONHECER QUE A SUA PRÓPRIA CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE ESTÁ NO OUTRO. É NÃO VER QUALQUER SENTIDO NA VANGLORIZAÇÃO DA SUA COLECÇÃO DE FACTOS (CULTURA) E NÃO JULGAR OS OUTROS. É SER HUMILDE. É NÃO ACHAR, NUNCA, QUE TEM A VERDADE NO BOLSO. É SE CAPAZ DE MANDAR ABAIXO O SEU EDIFÍCIO DE CRENÇAS E RECONSTRUÍ-LO SE FOR NECESSÁRIO. É SER CAPAZ NÃO SÓ DE APRENDER COMO RE-APRENDER O QUE JÁ APRENDEU. É SABER OUVIR MAIS DO QUE UM GOSTAR DE OUVIR-SE.
by Magnata
quinta-feira, 5 de março de 2009
What are your dreams, human?
What are your dreams, human? What do you dream about? I may also think, if you not take me wrong, why do you dream?
Human, you dream about a nice house... No, let's make it more accurate, you dream about a beautiful breathtaking house. Having the most luxurious car (I'm sure you will use the "safety argument" for having it don't you?). You dream about THAT job. That particularly outstanding job that allows you to have a wonderful (and please take it literally wonder-full) life of travels, friends, no money worries, always the last technically advanced medical treatments. Be honest, and tell me human, couldn't this be the perfect dream for your life?
You, human of “real”, that always grasps the mundane, please explain to me:
Is that the best you can do? Is that the best you can imagine? Is that the most you can dream about? Is that the highest of your desires?
Human, lost human, this time, I’m not asking you to give me a practical solution, this time, I’m not asking you to give me something that we must see with our eyes, touch with our hands, or buy it with money. I asked, what were your dreams, but it seems that you’ve just forgot about them don’t you?
I’m obviously not like you human. Dreams have, for me, particularly properties. One of them is the fact that, even if they can’t be realized, we dream about them.
I dream about having wings and fly. Please human, take me seriously, I’m not talking about flying a plane or get myself out of one with a parachute (or without one), I’m talking about having wings and fly with them, see the most beautiful landscapes on the universe, go to the past and talk with ancient philosophers, have a castle to my princess, fight a dragon, climb a mountain and touch the gods of Olympus…
Ow... what a nonsense isn't it? ahahaha ahahahah
Human, you dream about a nice house... No, let's make it more accurate, you dream about a beautiful breathtaking house. Having the most luxurious car (I'm sure you will use the "safety argument" for having it don't you?). You dream about THAT job. That particularly outstanding job that allows you to have a wonderful (and please take it literally wonder-full) life of travels, friends, no money worries, always the last technically advanced medical treatments. Be honest, and tell me human, couldn't this be the perfect dream for your life?
You, human of “real”, that always grasps the mundane, please explain to me:
Is that the best you can do? Is that the best you can imagine? Is that the most you can dream about? Is that the highest of your desires?
Human, lost human, this time, I’m not asking you to give me a practical solution, this time, I’m not asking you to give me something that we must see with our eyes, touch with our hands, or buy it with money. I asked, what were your dreams, but it seems that you’ve just forgot about them don’t you?
I’m obviously not like you human. Dreams have, for me, particularly properties. One of them is the fact that, even if they can’t be realized, we dream about them.
I dream about having wings and fly. Please human, take me seriously, I’m not talking about flying a plane or get myself out of one with a parachute (or without one), I’m talking about having wings and fly with them, see the most beautiful landscapes on the universe, go to the past and talk with ancient philosophers, have a castle to my princess, fight a dragon, climb a mountain and touch the gods of Olympus…
Ow... what a nonsense isn't it? ahahaha ahahahah
Eça de Queiros, A Perfeição - PARTE I
Sentado numa rocha, na ilha de Ogígia, com a barba enterrada entre as mãos, donde desaparecera a aspereza calosa e tisnada das armas e dos remos, Ulisses, o mais subtil dos homens, considerava, numa escura e pesada tristeza, o mar muito azul que, mansa e harmoniosamente, rolava sobre a areia muito branca. Uma túnica bordada de flores escarlates cobria, em pregas moles, o seu corpo poderoso, que engordara. Nas correias das sandálias, que lhe calçavam os pés amaciados e perfumados de essências, reluziam esmeraldas do Egipto. E o seu bastão era um maravilhoso galho de coral, rematado em pinha de pérolas, como os que usam os deuses marinhos.
A divina ilha, com os seus rochedos de alabastro, os bosques de cedros e tuias odoríferas, as messes eternas dourando os vales, a frescura das roseiras revestindo os outeiros suaves, resplandecia, adormecida na moleza da sesta, toda envolta em mar resplandecente. Nem um sopro dos Zéfiros curiosos, que brincam e correm por sobre o arquipélago, desmanchava a serenidade do luminoso ar, mais doce que o vinho mais doce, todo repassado pelo fino aroma dos prados de violetas. No silêncio, embebido de calor afável, eram de uma harmonia mais embaladora os murmúrios de arroios e fontes, o arrulhar das pombas voando dos ciprestes aos plátanos, e o lento rolar e quebrar da onda mansa sobre a areia macia. E nesta inefável paz e beleza imortal, o
subtil Ulisses, com os olhos perdidos nas águas lustrosas, amargamente gemia, revolvendo o queixume do seu coração...
Sete anos, sete imensos anos, iam passados desde que o raio fulgente de Júpiter fendera a sua nave de alta proa vermelha, e ele, agarrado ao mastro e à carena, trambolhara na braveza mugidora das espumas sombrias, durante nove dias, durante nove noites, até que boiara em águas mais calmas, e tocara as areias daquela ilha onde Calipso, a deusa radiosa, o recolhera e o amara! E durante esses imensos anos, como se arrastara a sua vida, a sua grande e forte vida, que, depois da partida para os muros fatais de Tróia, abandonando entre lágrimas inúmeráveis a sua Penélope de olhos claros, o seu pequenino Telémaco enfaixado no colo da ama, andara sempre tão agitada por perigos, e guerras, e astúcias, e tormentas, e rumos perdidos?... Ah! ditosos os Reis mortos, com formosas feridas no branco peito, diante das portas de Tróia! Felizes os seus companheiros tragados pela onda amarga! Feliz ele se as lanças troianas o trespassassem nessa tarde de grande vento e poeira, quando, junto à Faia, defendia dos ultrajes, com a espada sonora, o corpo morto de Aquiles! Mas não! Vivera! - E agora, cada manhã, ao sair sem alegria do trabalhoso leito de Calipso, as ninfas, servas da deusa, o banhavam numa água muito pura, o perfumavam de lânguidas essências, o cobriam com uma túnica sempre nova, ora bordada a sedas finas, ora bordada de ouro pálido! No entanto, sobre a mesa lustrosa, erguida à porta da gruta, na sombra das ramadas, junto ao sussurro dormente de um arroio diamantino, os açafates e as travessas lavradas transbordavam de bolos, de frutos, de tenras carnes fumegando, de peixes cintilando como tramas de prata. A intendenta venerável gelava os vinhos doces nas crateras de bronze, coroadas de rosas. E ele, sentado num escabelo, estendia as mãos para as iguarias perfeitas, enquanto, ao lado, sobre um trono de marfim, Calipso, espargindo através da túnica nevada a claridade e o aroma do seu corpo imortal, sublimemente serena, com um sorriso taciturno, sem tocar nas comidas humanas, debicava a ambrósia, bebia goles delgados o néctar transparente e rubro. Depois, tomando aquele bastão de príncipe de povos com que Calipso o presenteara, repercorria sem curiosidade os sabidos caminhos da Ilha, tão lisos e tratados que nunca as suas sandálias reluzentes se maculavam de pó, tão penetrados pela imortalidade da deusa que jamais neles encontrara folha seca, nem flor menos fresca pendendo na haste. Sobre uma rocha se sentava então, contemplando aquele mar que também banhava Ítaca, lá tão bravio, aqui tão sereno, e pensava, e gemia, até que as águas e os caminhos se cobriam de sombra, e ele recolhia à gruta para dormir, sem desejo, com a deusa que o desejava!... E durante estes imensos anos, que destino envolvera a sua Ítaca, a áspera ilha de sombrias matas? Viviam eles ainda, os seres amados? Sobre a forte colina, dominando a enseada de Reitros e os pinheirais de Neus, ainda se erguia o seu palácio, com os belos pórticos pintados de vermelho e roxo? Ao cabo de tão lentos e vazios anos, sem novas, apagada toda a esperança como uma lâmpada, despira a sua Penélope a túnica passageira da viuvez, e passara para os braços fortes de outro esposo forte que, agora, manejava as suas lanças e vindimava as suas vinhas? E o doce filho Telémaco? Reinaria ele em Ítaca, sentado, com o branco ceptro, sobre o mármore alto da ágora? Ocioso e rondando pelos pátios, baixaria os olhos sob o império duro de um padrasto? Erraria por cidades alheias, mendigando um salário?... Ah! se a sua existência, assim para sempre arrancada da mulher, do filho, tão doces ao seu coração, andasse ao menos empregada em façanhas ilustres! Dez anos antes, também desconhecia a sorte de Ítaca, e dos seres preciosos que lá deixara em solidão e fragilidade; mas uma empresa heróica o agitava; e cada manhã a sua fama crescia, como uma árvore num promontório, que enche o céu e todos os homens contemplam. Então era a planície de Tróia - e as brancas tendas dos Gregos ao longo do mar sonoro! Sem cessar, meditava as astúcias de guerra; com soberba facúndia discursava na Assembleia dos Reis; rijamente jungia os cavalos empinados ao timão dos carros; de lança alta corria, entre a grita e a pressa, contra os Troianos de altos elmos, que surdiam, em roldão ressoante, das Portas Skaias!... Oh! E quando ele, príncipe de povos, encolhido sob farrapos de mendigo, com os braços maculados de chagas postiças, coxeando e gemendo, penetrara nos muros da orgulhosa Tróia, pelo lado da Faia, para de noite, com incomparável ardil e bravura, roubar o palácio tutelar da cidade! E quando, dentro do ventre do cavalo de Pau, na escuridão, no aperto de todos aqueles guerreiros hirtos e cobertos de ferro, acalmava a impaciência dos que sufocavam, e tapavacom a mão a boca de Anticlos bravejando furioso, ao escutar fora na planície os ultrajes e os escárnios troianos, e a todos murmurava - Cala, cala! que a noite desce e Tróia é nossa... E depois as prodigiosas viagens! O pavoroso Polifemo, ludibriado com uma astúcia que para sempre maravilhará as gerações! As manobras sublimes entre Cila e Caríbdis! As sereias, vogando e cantando em torno do mastro, de onde ele, amarrado, as rechaçava com o mudo dardejar dos olhos mais agudos que dardos! A descida aos Infernos, jamais concedida a um mortal!... E agora homem de tão rutilantes feitos jazia numa ilha mole, eternamente preso, sem amor, pelo amor de uma deusa! Como poderia ele fugir, rodeado de mar indomável, sem nave, nem companheiros para mover os remos longos? Os deuses ditosos certamente esqueciam quem tanto por eles combatera e sempre piedosamente lhes votara as reses devidas, mesmo através do fragor e fumaraça das cidadelas derrubadas, mesmo quando a sua proa encalhava em terra agreste!... E ao herói, que recebera dos reis da Grécia as armas de Aquiles, cabia por destino amargo engordar na ociosidade de uma ilha mais lânguida que uma
cesta de rosas, e estender as mãos amolecidas para as iguarias abundantes, e, quando águas e caminhos se cobriam de sombra, dormir sem desejo com uma deusa que, sem cessar, o desejava. Assim gemia o magnânimo Ulisses, à beira do mar lustroso... E eis que, de repente, um sulco de desusado brilho, mais rutilantemente branco que o de uma estrela caindo, riscou a rutilância do céu, desde as alturas até à cheirosa mata de tuias e cedros, que assombrava um golfo sereno, a oriente da ilha. Com alvoroço bateu o coração do herói. Rasto tão refulgente, na refulgência do dia, só um deus o podia traçar através do largo Urano. Um deus, pois, descera à ilha?
A divina ilha, com os seus rochedos de alabastro, os bosques de cedros e tuias odoríferas, as messes eternas dourando os vales, a frescura das roseiras revestindo os outeiros suaves, resplandecia, adormecida na moleza da sesta, toda envolta em mar resplandecente. Nem um sopro dos Zéfiros curiosos, que brincam e correm por sobre o arquipélago, desmanchava a serenidade do luminoso ar, mais doce que o vinho mais doce, todo repassado pelo fino aroma dos prados de violetas. No silêncio, embebido de calor afável, eram de uma harmonia mais embaladora os murmúrios de arroios e fontes, o arrulhar das pombas voando dos ciprestes aos plátanos, e o lento rolar e quebrar da onda mansa sobre a areia macia. E nesta inefável paz e beleza imortal, o
subtil Ulisses, com os olhos perdidos nas águas lustrosas, amargamente gemia, revolvendo o queixume do seu coração...
Sete anos, sete imensos anos, iam passados desde que o raio fulgente de Júpiter fendera a sua nave de alta proa vermelha, e ele, agarrado ao mastro e à carena, trambolhara na braveza mugidora das espumas sombrias, durante nove dias, durante nove noites, até que boiara em águas mais calmas, e tocara as areias daquela ilha onde Calipso, a deusa radiosa, o recolhera e o amara! E durante esses imensos anos, como se arrastara a sua vida, a sua grande e forte vida, que, depois da partida para os muros fatais de Tróia, abandonando entre lágrimas inúmeráveis a sua Penélope de olhos claros, o seu pequenino Telémaco enfaixado no colo da ama, andara sempre tão agitada por perigos, e guerras, e astúcias, e tormentas, e rumos perdidos?... Ah! ditosos os Reis mortos, com formosas feridas no branco peito, diante das portas de Tróia! Felizes os seus companheiros tragados pela onda amarga! Feliz ele se as lanças troianas o trespassassem nessa tarde de grande vento e poeira, quando, junto à Faia, defendia dos ultrajes, com a espada sonora, o corpo morto de Aquiles! Mas não! Vivera! - E agora, cada manhã, ao sair sem alegria do trabalhoso leito de Calipso, as ninfas, servas da deusa, o banhavam numa água muito pura, o perfumavam de lânguidas essências, o cobriam com uma túnica sempre nova, ora bordada a sedas finas, ora bordada de ouro pálido! No entanto, sobre a mesa lustrosa, erguida à porta da gruta, na sombra das ramadas, junto ao sussurro dormente de um arroio diamantino, os açafates e as travessas lavradas transbordavam de bolos, de frutos, de tenras carnes fumegando, de peixes cintilando como tramas de prata. A intendenta venerável gelava os vinhos doces nas crateras de bronze, coroadas de rosas. E ele, sentado num escabelo, estendia as mãos para as iguarias perfeitas, enquanto, ao lado, sobre um trono de marfim, Calipso, espargindo através da túnica nevada a claridade e o aroma do seu corpo imortal, sublimemente serena, com um sorriso taciturno, sem tocar nas comidas humanas, debicava a ambrósia, bebia goles delgados o néctar transparente e rubro. Depois, tomando aquele bastão de príncipe de povos com que Calipso o presenteara, repercorria sem curiosidade os sabidos caminhos da Ilha, tão lisos e tratados que nunca as suas sandálias reluzentes se maculavam de pó, tão penetrados pela imortalidade da deusa que jamais neles encontrara folha seca, nem flor menos fresca pendendo na haste. Sobre uma rocha se sentava então, contemplando aquele mar que também banhava Ítaca, lá tão bravio, aqui tão sereno, e pensava, e gemia, até que as águas e os caminhos se cobriam de sombra, e ele recolhia à gruta para dormir, sem desejo, com a deusa que o desejava!... E durante estes imensos anos, que destino envolvera a sua Ítaca, a áspera ilha de sombrias matas? Viviam eles ainda, os seres amados? Sobre a forte colina, dominando a enseada de Reitros e os pinheirais de Neus, ainda se erguia o seu palácio, com os belos pórticos pintados de vermelho e roxo? Ao cabo de tão lentos e vazios anos, sem novas, apagada toda a esperança como uma lâmpada, despira a sua Penélope a túnica passageira da viuvez, e passara para os braços fortes de outro esposo forte que, agora, manejava as suas lanças e vindimava as suas vinhas? E o doce filho Telémaco? Reinaria ele em Ítaca, sentado, com o branco ceptro, sobre o mármore alto da ágora? Ocioso e rondando pelos pátios, baixaria os olhos sob o império duro de um padrasto? Erraria por cidades alheias, mendigando um salário?... Ah! se a sua existência, assim para sempre arrancada da mulher, do filho, tão doces ao seu coração, andasse ao menos empregada em façanhas ilustres! Dez anos antes, também desconhecia a sorte de Ítaca, e dos seres preciosos que lá deixara em solidão e fragilidade; mas uma empresa heróica o agitava; e cada manhã a sua fama crescia, como uma árvore num promontório, que enche o céu e todos os homens contemplam. Então era a planície de Tróia - e as brancas tendas dos Gregos ao longo do mar sonoro! Sem cessar, meditava as astúcias de guerra; com soberba facúndia discursava na Assembleia dos Reis; rijamente jungia os cavalos empinados ao timão dos carros; de lança alta corria, entre a grita e a pressa, contra os Troianos de altos elmos, que surdiam, em roldão ressoante, das Portas Skaias!... Oh! E quando ele, príncipe de povos, encolhido sob farrapos de mendigo, com os braços maculados de chagas postiças, coxeando e gemendo, penetrara nos muros da orgulhosa Tróia, pelo lado da Faia, para de noite, com incomparável ardil e bravura, roubar o palácio tutelar da cidade! E quando, dentro do ventre do cavalo de Pau, na escuridão, no aperto de todos aqueles guerreiros hirtos e cobertos de ferro, acalmava a impaciência dos que sufocavam, e tapavacom a mão a boca de Anticlos bravejando furioso, ao escutar fora na planície os ultrajes e os escárnios troianos, e a todos murmurava - Cala, cala! que a noite desce e Tróia é nossa... E depois as prodigiosas viagens! O pavoroso Polifemo, ludibriado com uma astúcia que para sempre maravilhará as gerações! As manobras sublimes entre Cila e Caríbdis! As sereias, vogando e cantando em torno do mastro, de onde ele, amarrado, as rechaçava com o mudo dardejar dos olhos mais agudos que dardos! A descida aos Infernos, jamais concedida a um mortal!... E agora homem de tão rutilantes feitos jazia numa ilha mole, eternamente preso, sem amor, pelo amor de uma deusa! Como poderia ele fugir, rodeado de mar indomável, sem nave, nem companheiros para mover os remos longos? Os deuses ditosos certamente esqueciam quem tanto por eles combatera e sempre piedosamente lhes votara as reses devidas, mesmo através do fragor e fumaraça das cidadelas derrubadas, mesmo quando a sua proa encalhava em terra agreste!... E ao herói, que recebera dos reis da Grécia as armas de Aquiles, cabia por destino amargo engordar na ociosidade de uma ilha mais lânguida que uma
cesta de rosas, e estender as mãos amolecidas para as iguarias abundantes, e, quando águas e caminhos se cobriam de sombra, dormir sem desejo com uma deusa que, sem cessar, o desejava. Assim gemia o magnânimo Ulisses, à beira do mar lustroso... E eis que, de repente, um sulco de desusado brilho, mais rutilantemente branco que o de uma estrela caindo, riscou a rutilância do céu, desde as alturas até à cheirosa mata de tuias e cedros, que assombrava um golfo sereno, a oriente da ilha. Com alvoroço bateu o coração do herói. Rasto tão refulgente, na refulgência do dia, só um deus o podia traçar através do largo Urano. Um deus, pois, descera à ilha?
segunda-feira, 2 de março de 2009
sketch 1 - Get over it!
Claro. É já! Onde é que eu tenho de carregar? Hm?
Botão A - Amar outra pessoa.
Botão B - Deixar de amar.
Botão C - Esquecer pessoa amada.
Get over it pá! Ouve lá pá, já estás assim há vários anos e sinceramente, por todos os indicadores tele-novelenses, isso já devia ter passado. Nos morangos ninguém fica assim tanto tempo, não vês que depois farta?! Fica sem graça! Get over it meu! Parte para a outra. E olha, vai ser feliz!
Sim, vai ser feliz, como quem diz: "Vai comer uma queijada!"
Vendedor- Bom dia.
Parvo- Bom dia.
V- Diga por favor.
P- Olhe... não sei. quero uma sandes de fiambre para levar, com manteiga.
V- Sim senhor, é só?
P- Não olhe, também pode ser uma garrafinha de água fresca.
V- Ora aqui está a garrafinha fresquinha e que mais vai desejar amigo?
P- Um Snickers e uma felicidade para comer já.
P-e... olhe... já agora, um desses autocolantes que se mete no braço.
V- estes para se deixar de fumar?
P- não não. Esses aí ao lado que dizem, "get over it".
Botão A - Amar outra pessoa.
Botão B - Deixar de amar.
Botão C - Esquecer pessoa amada.
Get over it pá! Ouve lá pá, já estás assim há vários anos e sinceramente, por todos os indicadores tele-novelenses, isso já devia ter passado. Nos morangos ninguém fica assim tanto tempo, não vês que depois farta?! Fica sem graça! Get over it meu! Parte para a outra. E olha, vai ser feliz!
Sim, vai ser feliz, como quem diz: "Vai comer uma queijada!"
Vendedor- Bom dia.
Parvo- Bom dia.
V- Diga por favor.
P- Olhe... não sei. quero uma sandes de fiambre para levar, com manteiga.
V- Sim senhor, é só?
P- Não olhe, também pode ser uma garrafinha de água fresca.
V- Ora aqui está a garrafinha fresquinha e que mais vai desejar amigo?
P- Um Snickers e uma felicidade para comer já.
P-e... olhe... já agora, um desses autocolantes que se mete no braço.
V- estes para se deixar de fumar?
P- não não. Esses aí ao lado que dizem, "get over it".
domingo, 1 de março de 2009
Quanto custou o fogo? PARTE 2
Ora bem, outra vez, a vermelho é como tu pensas. Eu penso sem vermelho. Bora?
Vamos a isso amiguinho :)
Como é que se vive sem dinheiro na sociedade ocidental dita civilizada?
Se por viver entendermos: “Ter uma casa, um carro, comida abastada, etc…”:
Não me parece que se consiga, nos quadros mentais e institucionais que hoje nos circundam,
conseguir fazer tal proeza sem dinheiro. O que não quer dizer que não possa ser possível. Apenas acho complicado mesmo imaginá-lo mas, a minha, se calhar falta de capacidade para criar cenários de sucesso com estes dados, não deve ser nunca uma razão suficiente para afirmar que tal nunca vai acontecer.
Agora aqui vem a talhada: :)Para vivermos sem dinheiro será necessário uma reestruturação geral da sociedade que se concentre mais nas finalidades das suas acções do que nos meios.
O problema é que se tomam os meios pelos fins. – já não quero ser feliz. Quero ter dinheiro. Porque com dinheiro serei feliz. Tremendo erro, empiricamente demonstrável. :)
Já não quero que um veterinário cuide da pata do meu cão, quero dinheiro para ir ao veterinário (que depois cuidará do cão).
Pois, retorquem: “Como poderei eu alguma vez sequer imaginar, (ALGUMA VEZ SEQUER IMAGINAR (E AQUI É QUE ESTÁ O PROBLEMA A QUE PRESUNÇOSAMENTE CHAMAREI DE BURRICE), que se poderá fazer tal coisa sem dinheiro?
COMO PODERÃO QUERER TAL COISA?
COMO PODERÃO SONHAR TAL COISA?
COMO É QUE TAL COISA PODE SER POSSÍVEL?
Mas estás a questionar as condições de possibilidade de uma acção só porque não há dinheiro? Mas o dinheiro forma? O dinheiro educa? O dinheiro cria? O dinheiro produz?
ONDE É QUE ESTÁ ESSE GAJO (Sr./Srª Dinheiro) QUE PRODUZ, EDUCA, CRIA, DESTRÓI, CONSTRÓI, RECRIA ???
QUERO CONHECÊ-LO CARA A CARA!
Ah… não dá???? Não dá? Claro que dá, afinal o dinheiro não é um símbolo (que burro que sou – direi ironicamente).
Afinal o dinheiro, pelo que fica demonstrado por essas coisas que para aí se dizem dele e daquilo que não seremos capazes de fazer sem ele, faz crer que ele, de facto, está aí!!! Carne e osso!!! É que as coisas aparecem feitas bolas!!!
O cão ficou curado. Não porque o veterinário tinha a capacidade e o saber de ajudar, mas porque o dinheiro o fez? Oh. Não, claro que não, mas o veterinário tinha livros e foi à escola para aprender! Como o faria sem dinheiro?
Novamente, não foi o Rogério de Andrade que escreveu um livro sobre veterinária compilando tudo aquilo que sabia sobre um determinando assunto num livro. FOI O DINHEIRO QUE O FEZ? Oh, está bem, foi o R. de Andrade que o escreveu porque sabe escrever, soube falar com as pessoas certas, sabia sobre a matéria e isso possibilitou outros a aprenderem. Mas, como poderia o Rogério de Andrade ter mostrado ao mundo aquilo que escreveu sem as impressoras da HP que custam dinheiro?
AH!! Então não foi uma unidade de produção mecanizada que criou a máquina de impressão. Foi o dinheiro?
Olha amiguinho (tom irónico, porque eu acho mesmo é que devias morrer com Antrax)... CONTINUAMOS A ANDAR PARA TRÁS E VAMOS CHEGAR À BRILHANTE QUESTÃO:
Quanto custou o fogo?
Vamos a isso amiguinho :)
Como é que se vive sem dinheiro na sociedade ocidental dita civilizada?
Se por viver entendermos: “Ter uma casa, um carro, comida abastada, etc…”:
Não me parece que se consiga, nos quadros mentais e institucionais que hoje nos circundam,
conseguir fazer tal proeza sem dinheiro. O que não quer dizer que não possa ser possível. Apenas acho complicado mesmo imaginá-lo mas, a minha, se calhar falta de capacidade para criar cenários de sucesso com estes dados, não deve ser nunca uma razão suficiente para afirmar que tal nunca vai acontecer.
Agora aqui vem a talhada: :)Para vivermos sem dinheiro será necessário uma reestruturação geral da sociedade que se concentre mais nas finalidades das suas acções do que nos meios.
O problema é que se tomam os meios pelos fins. – já não quero ser feliz. Quero ter dinheiro. Porque com dinheiro serei feliz. Tremendo erro, empiricamente demonstrável. :)
Já não quero que um veterinário cuide da pata do meu cão, quero dinheiro para ir ao veterinário (que depois cuidará do cão).
Pois, retorquem: “Como poderei eu alguma vez sequer imaginar, (ALGUMA VEZ SEQUER IMAGINAR (E AQUI É QUE ESTÁ O PROBLEMA A QUE PRESUNÇOSAMENTE CHAMAREI DE BURRICE), que se poderá fazer tal coisa sem dinheiro?
COMO PODERÃO QUERER TAL COISA?
COMO PODERÃO SONHAR TAL COISA?
COMO É QUE TAL COISA PODE SER POSSÍVEL?
Mas estás a questionar as condições de possibilidade de uma acção só porque não há dinheiro? Mas o dinheiro forma? O dinheiro educa? O dinheiro cria? O dinheiro produz?
ONDE É QUE ESTÁ ESSE GAJO (Sr./Srª Dinheiro) QUE PRODUZ, EDUCA, CRIA, DESTRÓI, CONSTRÓI, RECRIA ???
QUERO CONHECÊ-LO CARA A CARA!
Ah… não dá???? Não dá? Claro que dá, afinal o dinheiro não é um símbolo (que burro que sou – direi ironicamente).
Afinal o dinheiro, pelo que fica demonstrado por essas coisas que para aí se dizem dele e daquilo que não seremos capazes de fazer sem ele, faz crer que ele, de facto, está aí!!! Carne e osso!!! É que as coisas aparecem feitas bolas!!!
O cão ficou curado. Não porque o veterinário tinha a capacidade e o saber de ajudar, mas porque o dinheiro o fez? Oh. Não, claro que não, mas o veterinário tinha livros e foi à escola para aprender! Como o faria sem dinheiro?
Novamente, não foi o Rogério de Andrade que escreveu um livro sobre veterinária compilando tudo aquilo que sabia sobre um determinando assunto num livro. FOI O DINHEIRO QUE O FEZ? Oh, está bem, foi o R. de Andrade que o escreveu porque sabe escrever, soube falar com as pessoas certas, sabia sobre a matéria e isso possibilitou outros a aprenderem. Mas, como poderia o Rogério de Andrade ter mostrado ao mundo aquilo que escreveu sem as impressoras da HP que custam dinheiro?
AH!! Então não foi uma unidade de produção mecanizada que criou a máquina de impressão. Foi o dinheiro?
Olha amiguinho (tom irónico, porque eu acho mesmo é que devias morrer com Antrax)... CONTINUAMOS A ANDAR PARA TRÁS E VAMOS CHEGAR À BRILHANTE QUESTÃO:
Quanto custou o fogo?
Quanto custou o fogo? PARTE 1
Ora bem, a vermelho é como TU pensas. Eu penso sem vermelho. Bora?
Porque é que é mau pensar-se que:
1) não se consegue viver sem dinheiro?
2) quanto mais dinheiro se ganhar melhor?
Hip 1:
Isso não é mau.
O mau é pensar-se:
1) só se consegue viver com dinheiro!
2) só com + dinheiro é que estou/sou melhor!
Porque é que é mau pensar-se que:
1) não se consegue viver sem dinheiro?
2) quanto mais dinheiro se ganhar melhor?
Hip 1:
Isso não é mau.
O mau é pensar-se:
1) só se consegue viver com dinheiro!
2) só com + dinheiro é que estou/sou melhor!
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